"Portugal esteve e estará sempre do lado dos consensos que resolvam as crises, do multilateralismo, das Nações Unidas". Marcelo Rebelo de Sousa discursou na tarde desta terça-feira na 76ª Assembleia Geral da ONU, uma intervenção focada na defesa do multilateralismo como resposta às grandes questões globais, da pandemia à paz e segurança global..As primeiras palavras do Presidente da República foram para António Guterres, o secretário-geral das Nações Unidas já reeleito para um segundo mandato, com Marcelo a repetir as palavras que já tinha usado em junho na sede da ONU: Guterres é a "pessoa certa no momento certo". "Apoio integralmente o apelo ao cessar fogo global, tal como apoio as prioridades escolhidas, numas Nações Unidas 2.0, numa agenda centrada nas pessoas, respondendo à pandemia, à paz e segurança globais, galvanizando a ação climática", referiu Marcelo.."A pandemia, a crise económica e social dela emergente, a recente evolução no Afeganistão recordam-nos evidências que não podemos, nem devemos esquecer", sublinhou o Presidente da República, afirmando como a primeira dessas evidências que "nenhum polo, nenhuma potência, por poderosa que seja, tem condições para enfrentar sozinha, ou com alguns parceiros apenas, alterações climáticas, pandemias, crises económicas e sociais, terrorismo, desinformação e ainda promover movimentos de populações ordenados e seguros, proteção dos mais vulneráveis e os direitos humanos".."A governação de um mundo multipolar exige compromisso e concertação entre as nações, multilateralismo", defendeu Marcelo, sustentando também que este multilateralismo tem que se fundar no Direito internacional .."Sempre que hesitamos quanto ao multilateralismo, sempre que pomos em causa o Direito internacional e as organizações internacionais, falhamos", advertiu o chefe de Estado português, que fecharia o discurso a vincar que não há tempo a perder e que as palavras não bastam: "Precisamos, mais do que nunca, de um multilateralismo efetivo, não nos discursos, mas nas ações"..Pelo caminho, defendeu também que é preciso acelerar e ampliar a reforma das Nações Unidas, e do Conselho de Segurança em particular, que deverá passar a contar "com presença africana, do Brasil e Índia como membros permanentes". "Resistir às reformas, negar recursos, significa na prática enfraquecer o multilateralismo e criar situações de crise, com prejuízo para todos", disse ainda. Atualmente, integram o Conselho de Segurança, como membros permanentes, os Estados Unidos, a França, Reino Unido, Rússia e China.."Portugal esteve, estará sempre, do lado dos consensos que resolvam as crises, do multilateralismo, das Nações Unidas", disse Marcelo Rebelo de Sousa perante a Assembleia Geral da ONU, garantindo que Portugal "não altera o seu rumo" , como demonstrou na presidência da União Europeia ou na esfera da CPLP. E isso passa ppor questões como a "garantia das vacinas como bem público global" ou o "alívio da dívida externa dos países mais vulneráveis".."Nós não mudamos de princípios. E manteremos também o mesmo rumo no caso de nos darem a vossa confiança para um mandato no Conselho de Segurança [como membro não permanente] daqui a cinco anos", garantiu.