Marcelo na Guiné-Bissau, 31 anos depois da última visita oficial

Marcelo Rebelo de Sousa chega esta segunda-feira a Bissau para uma visita de dois dias. Programa inclui uma homenagem aos antigos combatentes portugueses.
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Marcelo Rebelo de Sousa inicia esta segunda-feira uma visita oficial de dois dias à Guiné-Bissau, a primeira que faz ao país enquanto chefe de Estado. O programa inclui uma homenagem aos antigos combatentes portugueses sepultados em Bissau.

É a primeira visita oficial de um Presidente da República português àquele país nas últimas três décadas: a visita de Marcelo acontece 31 anos e seis meses depois de Mário Soares ter visitado oficialmente o país africano de língua oficial portuguesa, em novembro de 1989. Cavaco Silva esteve na Guiné-Bissau em 2006, não em visita oficial, mas para participar na cimeira dos chefes de Estado e de governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Marcelo Rebelo de Sousa chega a Bissau ao final da tarde de hoje, iniciando a visita com um encontro com representantes da comunidade portuguesa. O dia de amanhã será preenchido sobretudo com encontros institucionais.

Estimativas oficiais indicam que vivem na Guiné-Bissau cerca de 2500 portugueses, mas muitos não estão permanentemente no país. Os mesmos dados indicam que os portugueses residem maioritariamente na região de Bissau e Biombo (cerca de 73%), mas também na região Norte (Cacheu e Oio) e Leste (Bafatá e Gabu), e trabalham, sobretudo, nas áreas do comércio e retalho, construção civil, logística e distribuição e cooperação e desenvolvimento.

A Guiné-Bissau foi a primeira colónia portuguesa em África a tornar-se independente. A independência foi proclamada unilateralmente em 24 de setembro de 1973, decorrida uma década de luta armada. Foi de imediato reconhecida pelas Nações Unidas (a 6 de outubro de 1973) e, por Portugal, um ano mais tarde, a seguir ao 25 de Abril, em 10 de setembro de 1974.

Ramalho Eanes, então Presidente da República, deslocou-se à Guiné-Bissau em junho de 1978, para uma Cimeira Luso-Angolana. Em fevereiro de 1979 voltou, então em visita de Estado. "Volto a pisar o chão de Bissau num ato histórico que transcende a minha pessoa", disse então, sublinhando o "reencontro de dois povos cuja amizade e compreensão a degenerescência colonial foi incapaz de destruir", afirmou então.

Marcelo Rebelo de Sousa esteve na Guiné-Bissau em 1988 para a reativação da Escola de Direito, e visitou o país várias vezes na década de 1990 enquanto líder do PSD. Agora regressa como chefe do Estado português. Na última quinta-feira, em entrevista à RTP, falou desta visita: "Vou na sequência de uma eleição presidencial [de Umaro Sissoco Embaló, em dezembro de 2019], que foi reconhecida por missões da União Europeia e outras missões internacionais".

Respondendo a protestos contra a sua visita, o Presidente da República disse nunca ter tido "dúvidas nenhumas em ir". "Se a política externa circunscrevesse o relacionamento entre Estados àqueles que perfilham sempre e apenas a nossa conceção de sistema político económico e social, eu não tinha ido a muitos países a que fui - eu e os meus antecessores todos -, nem tinha recebido chefes de Estado de países que foram recebidos por mim e pelos meus antecessores. Por maioria de razão, sendo um país da CPLP", argumentou.

Na última sexta-feira algumas dezenas de guineenses residentes em Portugal manifestaram-se em frente ao Palácio de Belém contra a visita do Presidente português à Guiné-Bissau, considerando que Marcelo se coloca assim ao lado de "um golpista". A vitória de Sissoco Embaló nas presidenciais foi contestada pelo PAIGC.

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