De Marcelo a António Costa. As reações à morte de Paula Rego
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta quarta-feira que se deve garantir, através de organismos públicos e privados, que uma parte da obra da pintora Paula Rego fica em Portugal.
Esta posição consta uma nota de pesar hoje publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet já depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter lamentado a morte de Paula Rego em declarações aos jornalistas, em Braga.
"A maior homenagem seria podermos garantir, através de intervenções de organismos públicos e privados, que uma parte relevante do legado de Paula Rego ficará em Portugal, país onde não vivia há muito, mas que nunca abandonou", afirma o chefe de Estado nesta mensagem escrita.
Marcelo Rebelo de Sousa relata que quando visitou a "ambiciosa e impressionante retrospetiva de Paula Rego na Tate, em Londres", em julho do ano passado, "ficou decidido que acompanharia as versões dessa exposição em diversas cidades europeias".
"E assim aconteceu, primeiro na Haia, depois em Málaga, num percurso que desejavelmente poderia terminar em Portugal. Num diálogo que tinha já tido um ponto alto quando a visitei no seu atelier, em Londres, em 2016", refere.
Segundo o Presidente da República, em todas as cidades a exposição suscitava "a mesma reação, vinda de curadores, críticos, jornalistas, visitantes: a de que se trata de um dos universos mais fortes e singulares da arte contemporânea".
O chefe de Estado descreve a pintura de Paula Rego como "uma figuração convulsa, ao estilo britânico", à qual se juntava "um outro olhar, um outro imaginário, sombrio e opressivo, ou mítico e indomável, uma visão pessoal, naturalmente, mas uma visão portuguesa".
"E todas as aproximações à arte e à literatura universais não ficavam completas sem entendermos aquilo que era especificamente português nos quadros ou nos desenhos, fossem histórias infantis, memórias de juventude, arquétipos, traumas ou nostalgias", considera.
"Por isso, e porque Paula Rego foi, a par de Vieira da Silva, a nossa artista mais reconhecida internacionalmente, acompanhei-a pela Europa, mesmo que a própria já não pudesse viajar, e testemunhei o poder encantatório e perturbador da sua obra", acrescenta.
O Presidente da República apresenta à família de Paula Rego os seus "sentimentos de pesar e de gratidão", dirigindo-se em especial a Nick Willing, seu filho.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo decidiu decretar um dia de luto nacional pela morte da pintora Paula Rego, destacando-a como uma artista de qualidade excecional e com grande reconhecimento internacional.
"O Governo decidiu decretar um Dia de Luto Nacional em homenagem à pintora Paula Rego", refere uma nota de pesar divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro.
Fonte do executivo adiantou à agência Lusa que desta vez não foi logo definida uma data para o dia de luto nacional porque ainda não estão marcadas as cerimónias fúnebres de Paula Rego.
"É uma questão que terá de ser gerida pela família da pintora", justificou a mesma fonte.
No comunicado, António Costa salienta que Paula Rego "era uma artista de qualidade excecional, cuja obra alcançou um grande reconhecimento internacional".
"As suas pinturas, desenhos e gravuras encerram imagens poderosas que ficarão sempre connosco e com as gerações por vir. Aos seus familiares e amigos, o primeiro-ministro apresenta as mais sentidas condolências", refere-se no mesmo texto.
Na mesma nota de pesar, recorda-se que Paula Rego nasceu "durante a ditadura salazarista" e "fez a sua formação artística em Londres, onde residiu grande parte da vida, mantendo sempre intacta a ligação a Portugal".
"A sua obra alimenta-se de referências e memórias portuguesas, como os contos populares ou a literatura de Eça de Queirós, e Paula Rego foi uma artista atenta à nossa realidade social. Autora de um universo figurativo singular, as suas obras não se parecem com mais nada do que com Paula Rego", acrescenta-se.
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, lamentou a morte da pintora Paula Rego e considerou que cada quadro seu constituiu "um dardo atirado atirado contra o preconceito, a dominação e a indiferença".
Na sua conta na rede social Twitter, o presidente da Assembleia da República escreveu: "Paula Rego soube explorar os nossos sonhos, os nossos medos, as nossas histórias, a nossa condição."
"Muito, muito obrigado, Paula Rego", acrescentou.
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O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, lembrou Paula Rego como uma "artista da metáfora e do real", realçando a sua "forte ligação à experiência portuguesa".
Pedro Adão e Silva "manifesta profundo pesar pelo falecimento de Paula Rego e presta a sua homenagem à artista, destacando a qualidade maior da sua obra, tanto no plano nacional quanto internacional", lê-se na nota de pesar divulgada hoje.
O ministro recordou a ida da artista para Londres, onde viveu "desde muito jovem", afirmando que a pintora "construiu um percurso singular nas artes plásticas, em que a forte ligação à experiência portuguesa se reflete reiteradamente no seu trabalho".
"Artista da metáfora e do real, explorou o humano com múltiplas ressonâncias sociais, psicológicas e existenciais. Foi uma artista fortemente comprometida com as grandes causas do seu tempo", acrescentou.
"Paula Rego desempenhou um papel fundamental na internacionalização da cultura portuguesa", salientou o ministro, referindo que a artista "deixou como particular legado ao seu país a Casa das Histórias, em Cascais".
O embaixador da União Europeia no Reino Unido, o português João Vale de Almeida, lamentou a morte da pintora portuguesa Paula Rego, que descreveu como "irreverente, inovadora e profunda".
"Paula Rego foi uma grande embaixadora das relações culturais luso-britânicas, irreverente, inovadora e profunda. Goste-se dela ou não, ninguém foi ou será indiferente a Paula Rego e essa é a marca de uma grande artista", afirmou à agência Lusa.
Também o embaixador de Portugal no Reino Unido, Nuno Brito, declarou ser "uma tristeza perder uma artista portuguesa com esta qualidade". "Todos os seres humanos são insubstituíveis, mas ela é insubstituível em particular porque enquanto artista atingiu níveis que muito pouca gente atinge e portanto para nós é uma tristeza", disse.
O diplomata recordou o reconhecimento da portuguesa no Reino Unido, onde a empresa dos correios Royal Mail chegou a emitir uma série limitada de seis selos inspirados em gravuras de Paula Rego, em 2005, e ao receber de várias universidades doutoramentos honoris causa.
Entretanto, o antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso também prestou homenagem à pintora portuguesa na rede social Twitter, onde escreveu que "Paula Rego conquistou a alma humana com tanta sensibilidade e paixão".
"Os seus trabalhos incríveis fazem-nos viajar e mergulhar num reino muito especial. Ela fará falta, mas a sua arte ficará para nos lembrar da incrivelmente talentosa artista portuguesa/britânica", referiu Durão Barroso, que reside no Reino Unido, onde é atualmente administrador do banco Goldman Sachs.
"Foi com consternação que o Partido Social Democrata recebeu a notícia do falecimento de Paula Rego", refere o partido em comunicado.
No texto, os sociais-democratas recordam-na como "figura de referência da pintura nacional", que se destacou "no panorama internacional pelo seu trabalho, tendo recebido várias distinções e deixando uma marca indelével" na cultura nacional.
"Nesta hora de pesar, a direção do Partido Social Democrata, na figura do seu presidente, Rui Rio, expressa a toda a família o seu mais sentido pesar", acrescenta a nota.
A direção nacional do PS lamentou a morte da pintora Paula Rego e considerou que Portugal perdeu uma das suas artistas plásticas mais completas e com maior expressão no mundo.
"A direção nacional do PS lamenta profundamente a morte da pintora Paula Rego. Portugal perdeu uma das suas artistas plásticas mais completas e com maior expressão no mundo", refere-se numa nota publicada no sítio deste partido na internet.
Segundo o PS, Paula Rego "constituiu uma carreira recheada de obras que se tornaram ícones da cultura plástica portuguesa, reconhecidas em todo o mundo".
"A sua obra começou, desde 2009, a ser exposta em permanência na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais", observa-se na mesma nota.
O PS salienta também que Paula Rego "nunca hesitou em tomar posição quanto a fenómenos sociais prementes como são exemplos o aborto e a violência doméstica".
"Deixa-nos, entre tantas outras obras, o retrato oficial de Jorge Sampaio enquanto Presidente da República, no qual rompeu com os cânones tradicionais do retrato oficial presidencial", assinala-se no mesmo texto.
Ainda de acordo com os socialistas, "o reconhecimento que Paula Rego granjeou está patente nos vários doutoramentos honoris causa que lhe foram atribuídos e nas várias homenagens institucionais e de cariz espontâneo que lhe foram dedicadas".
A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, já reagiu à morte da pintora salientando que Paula Rego era a "pintora da matéria de que são feitos os sonhos e os pesadelos, as mulheres e a vida. Enorme. Hoje tudo será pouco."
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A Câmara Municipal de Cascais anunciou entretanto, no Facebook, que, por decisão do seu presidente, vai decretar um dia de luto municipal para esta quinta-feira.
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Na nota, o autarca Carlos Carreiras e Salvato Teles de Menezes, presidente do conselho diretivo da Fundação D. Luís, lamentam a morte da pintora e reiteram condolências à família.
"Tudo faremos para honrar a sua memória através das atividades programadas e a programar na Casa das Histórias Paula Rego", referem.
No comunicado, Carlos Carreiras e Salvato Teles de Menezes destacam que a "cultura portuguesa perde assim uma das suas mais importantes e irreverentes criadoras, alguém que se distinguiu como mulher, ser humano e artista".
Destacam igualmente a sua vida, o percurso profissional e o seu estilo artístico.
"Em 2009, foi inaugurada em Cascais a Casa das Histórias, com projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura, um museu dedicado à obra de Paula Rego, que, desde então, acolheu inúmeras e importantes exposições da sua obra", referem.
A Casa das Histórias Paula Rego é um equipamento que integra o Bairro dos Museus de Cascais (distrito de Lisboa), sendo gerido pela Fundação D. Luís I.
A Câmara Municipal de Lisboa lamentou a morte da pintora Paula Rego, considerando que "as suas criações artísticas ficarão para sempre gravadas no panorama das artes dos séculos XX e XXI".
Além de lamentar a morte de Paula Rego, o município de Lisboa endereçou também as condolências à família e amigos da pintora.
"Nome maior da pintura contemporânea mundial, começou aos 17 anos a estudar em Londres, na Slade School of Fine Art. A capital britânica seria a sua residência mais duradoura, mas a sua ligação a Portugal sempre se manteve, onde vinha, de resto, com regularidade. De sublinhar os traços da identidade portuguesa, nomeadamente o imaginário, os contos populares e recordações de infância vividas em território nacional, que marcam de forma evidente a sua obra", lê-se na nota divulgada.
A pintora Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu hoje de manhã em Londres, aos 87 anos.
"As suas criações artísticas são inconfundíveis, com um percurso singular, ficarão para sempre gravadas no panorama das artes dos séculos XX e XXI, caracterizadas por uma abordagem figurativa, destacando-se das correntes vigentes da época, com uma opção preferencial pela combinação da abstração e figuração, bem como um tom satírico que se faz sentir", é acrescentado na nota do município.
O município de Mafra manifestou o seu pesar pela morte de Paula Rego e enviou condolências à família, recordando a ligação da artista plástica à Ericeira, onde teve casa de família e se inspirou.
"A Câmara Municipal de Mafra manifesta o seu pesar pelo falecimento da ilustre pintora Paula Rego", lê-se numa nota publicada no site da autarquia, que remeteu "as mais sentidas condolências à família enlutada".
Esta câmara municipal do distrito de Lisboa lembrou que Paula Rego "muitas vezes buscou inspiração nas suas vivências de infância, nomeadamente na casa de família da Ericeira".
A Fundação de Serralves lembrou a artista Paula Rego como alguém que, "em tempos inclinados a polarizações", deixa como recordação a certeza de que "nada é simples e imediato".
Em comunicado, a Fundação de Serralves "lamenta profundamente o desaparecimento de Paula Rego, uma das artistas com maior reconhecimento não só em Portugal, país onde nasceu e cresceu, e em Inglaterra, onde estudou e depois viveu até à sua morte, mas também por todo o mundo".
Serralves, no Porto, lembrou as duas exposições maiores que acolheu da artista: a antológica de 2004, no Museu de Arte Contemporânea, e a "O Grito da Imaginação", na Casa, entre 2019 e 2020, ambas vistas por centenas de milhares de visitantes.
A fundação presidida por Ana Pinho salientou que Paula Rego era hábil "em casar aparentes opostos, nomeadamente a infância e a crueldade, as crianças e a perversidade, o mundo feminino e a força, o patriarcado e a debilidade".
"Os excessos, abusos e truculência (a que são submetidas -- mas que também conseguem infligir -- crianças e mulheres) podem estar associados na sua obra ao reconhecimento imediato (permitido pela figuração), mas a sofisticação e a radicalidade dos seus trabalhos residem na complexidade moral com que constantemente nos confrontam", realçou Serralves, em comunicado.
A fundação remata que "em tempos inclinados a polarizações e entrincheiramentos, Paula Rego recorda para sempre que nada é simples e imediato".
O Centro Nacional de Cultura (CNC) manifestou "grande desgosto" pela morte da pintora Paula Rego.
"O Centro Nacional de Cultura manifesta o grande desgosto pelo falecimento da sua sócia efetiva, hoje ocorrido. Apresentamos sentidas condolências à família e amigos", lê-se numa nota publicada no 'site' do CNC.
O CNC recorda que Paula Rego era "uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional".
A galeria de arte contemporânea Victoria Miro em Londres, onde a pintora expunha as suas obras, também já reagiu à morte.
"É com imensa tristeza que anunciamos a morte da Dama Paula Rego, artista britânica e nascida em Portugal, aos 87 anos. Morreu pacificamente esta manhã, depois de um curto período de doença, na sua casa no norte de Londres, acompanhada da família. Os nossos mais sentidos pensamentos estão com eles", publicou a galeria na sua conta de Twitter.
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O presidente eleito do PSD, Luís Montenegro, transmitiu os seus pêsames à família e amigos da pintora Paula Rego, que recordou como "um dos maiores vultos da cultura portuguesa".
"Com a morte de Paula Rego, perdemos um dos maiores vultos da cultura portuguesa. Reconhecida nacional e internacionalmente pelo seu talento e pela qualidade e diversidade da sua obra, Paula Rego marcou gerações de artistas ao longo de décadas. Os meus pêsames à família e amigos", escreveu Luís Montenegro, na sua conta na rede social Twitter.
O PSD já tinha emitido um comunicado sobre a morte da pintora, expressando o pesar do partido e do presidente em funções, Rui Rio.
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O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, lamentou a morte de Paula Rego, assegurando que a pintora vai continuar a viver em cada um.
"É com profunda tristeza que vemos partir uma das maiores figuras da arte portuguesa e mundial. Dona de uma obra artística genial e irreverente, que é aclamada internacionalmente e serve de referência para todos os seus pares, e senhora de um olhar tão cru quanto belo sobre a realidade, Paula Rego deixa o nosso país e a cultura portuguesa muitíssimo mais pobres", escreveu Fernando Gomes, numa mensagem divulgada pela FPF.
"Preservar o seu legado é uma responsabilidade de todos os portugueses. Ela continuará a viver dentro de nós", rematou Fernando Gomes.
Reagindo à morte da artista, Helena de Freitas, que foi diretora da Casa das Histórias, Museu Paula Rego, em Cascais, entre 2010 e 2013, destacou a sua "singularidade", considerando tratar-se de "uma perda muito difícil de reparar".
Em declarações à Lusa, disse guardar "muito boas memórias do trabalho feito com ela".
"A Paula Rego, nascida em Portugal, desenvolveu um trabalho que toda a vida se alimentou das suas memórias de vida, da literatura, do cinema, e que contém uma grande relação com o país onde nasceu, mas, ao mesmo tempo, partiu muito cedo para Inglaterra, um contexto internacional onde todo o seu trabalho foi conceptualmente progredindo e muito estimulado", afirmou.
Na opinião de Helena de Freitas, esta vivência veio "trazer uma dimensão muito forte e muito interventiva no mundo.
"Neste momento, a dimensão do trabalho dela é uma dimensão universal, muito para lá de qualquer país onde viveu e nasceu. A dimensão social do seu trabalho e a dimensão artística é algo que terá alguma coisa a ver com isto, mas também com uma personalidade que era muito especial", sublinhou.
A Fundação Calouste Gulbenkian lamentou "profundamente" a morte da pintora Paula Rego, classificando-a como "uma das mais extraordinárias artistas nacionais", com quem manteve estreitos laços desde sua bolseira, nos anos 1960.
Em comunicado, o conselho de administração da Fundação Gulbenkian relembrou a "ligação histórica" da entidade a "uma artista ímpar no panorama internacional, que deixa um legado inesquecível".
A instituição exprime ainda "orgulho pela recente aquisição da sua icónica pintura 'O Anjo´" (1998), que em fevereiro deste ano reforçou a coleção do Centro de Arte Moderna (CAM), a par de "O Banho Turco" (1960), "tornando a Gulbenkian na instituição privada com o maior e o mais significativo acervo da artista", constituído por 37 obras, entre pintura, desenho e gravura.
Na altura, Paula Rego exprimiu a sua "grande felicidade" por saber que dois dos seus quadros mais importantes "iriam viver na Gulbenkian", recordou a fundação no comunicado enviado à Lusa.
"Uma gratidão que fazia sempre questão de sublinhar desde que foi bolseira da fundação", acrescenta.
O conselho de administração aponta ainda que a morte de Paula Rego ocorre "numa etapa decisiva da sua consagração internacional, após ter exposto com enorme êxito mediático em Paris", no museu L'Orangerie, em 2018, em Londres, na Tate Britain, em 2021, e no Kunstmuseum, de Haia.
Recentemente, a mesma mostra foi inaugurada no Museu Picasso de Málaga, tendo uma representação especial na Bienal de Arte de Veneza, onde a curadora-geral, Cecilia Alemani, decidiu dar-lhe destaque nesta edição com uma sala própria.
Atualmente, a sua obra integra também a exposição "Tudo o que eu Quero. Artistas Portuguesas de 1900 a 2020", em Tours, França.
"Unida pela coerência e consistência dos temas e pela inconfundível marca da sua identidade, a obra de Paula Rego - desde o final dos anos 1950, ainda enquanto estudante na Slade School, até aos dias de hoje -, tem atravessado uma compulsiva necessidade de se renovar formalmente, com vários ciclos identificáveis e temporalmente definidos", assinalou o comunicado enviado à Lusa.
A Gulbenkian assinalou, ainda, na obra da pintora radicada no Reino Unido, a "incansável procura de temas que a conduzem à representação do drama (ou comédia) humano, no implacável escrutínio da sua complexa natureza ética e moral".
A Gulbenkian considera que "ninguém melhor que Paula Rego para clarificar, com simplicidade desarmante, o âmbito temático do seu trabalho, que por múltiplas formas que tome, tem sido invariável, como se pode ler nas suas palavras".
"Mandar nas pessoas. Obediência. Subversão. Fazer bem às pessoas más, fazer mal às pessoas boas. Poder. Desigualdade entre os sexos. Os homens mandam nas mulheres em geral. As mulheres às vezes mandam, mas é de outra maneira. A relação entre os sexos. É isso. Não é preciso mais", cita, no comunicado de pesar.
A fundação salientou ainda que "a abordagem [de Paula Rego] é sempre ética, pedagógica e o propósito transformador das consciências e dos comportamentos".