Manuel Alegre aproveitou um almoço com apoiantes, ontem em Sines, para endurecer o tom da campanha presidencial acusando Cavaco Silva de ser "co-responsável" pela crise, de estar a "abrir a porta" à destruição do Serviço Nacional de Saúde e de "não gostar" do contraditório. Num dia em que apelou à "mobilização" da esquerda, Alegre "disparou" também sobre o líder do PSD ao dizer que Pedro Passos Coelho "quebrou a coesão nacional" por admitir "gover- nar com o FMI".."Há quem queira abrir a porta ao FMI para pôr em prática um programa que não tem coragem de levar a votos porque sabem que se forem a votos com esse programa perdem as eleições." Segundo afirma, declarações como a de Passos Coelho "põem em causa a capacidade de os portugueses resolverem os seus problemas"..Mas foi sobre o Presidente da República que incidiram as críticas mais duras de Manuel Alegre. Segunda-feira, durante a apresentação do seu manifesto eleitoral, Cavaco Silva disse que o país precisa de eleger um Presidente "com experiência e conhecimento de assuntos de Estado". Alegre responde com dureza: "A experiência parece que não serviu para grande coisa e os avisos também não." "Não usou os poderes presidenciais. Portanto, essa experiência é uma experiência falhada. Embora queira lavar as mãos como Pilatos, ele é co-responsável pela crise e pela situação em que se encontra o nosso país.".A proposta de Cavaco para um "debate em torno do Serviço Nacional de Saúde" que "não seja marcado por preconceitos ideológicos" é também criticada por Alegre: "Ao fazer esta afirmação, está a aderir à posição das forças políticas do centro-direita que o apoiam e que têm um projecto estratégico de destruição do Estado social, nomeadamente do SNS."."A minha posição é clara, comigo na presidência, ninguém toca no SNS, ninguém toca da Segurança Social pública, ninguém toca no conceito de justa causa e ninguém toca na escola pública", contrapõe o candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda e que ontem recebeu o apoio do ex-comunista Manuel Coelho, eleito numa lista independente para a presidência da Câmara de Sines..Depois de apelar à "mobilização da Esquerda" e de dizer que as próximas eleições presidenciais irão determinar a "escolha sobre o modelo político do país", Alegre lembrou que em democracia "não há coroações" nem vitórias antecipadas.