Manifestações em frente às embaixadas do Brasil. "A nossa casa está a arder"
As vozes contra a desflorestação e os incêndios que estão a destruir a Amazónia estão a fazer-se ouvir em vários países. O movimento da jovem ecologista sueca Greta Thunberg "Sextas-feiras pelo futuro" convocou para esta sexta-feira manifestações junto das embaixadas e consulados brasileiros em todo o mundo como forma de chamar a atenção para o que está a acontecer na floresta amazónica.
Paris, Londres, Madrid e Zurique foram algumas das cidades que serviram de palco aos protestos dos ativistas contra as políticas do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
"Neste mesmo momento, os incêndios - que se estão a espalhar muito rapidamente - estão a destruir a floresta da Amazónia a um ritmo alarmante. A nossa casa está literalmente a arder e os pulmões do nosso planeta estão a transformar-se em cinzas", refere o movimento ecologista em comunicado.
"Desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder, os incêndios florestais aumentaram, alimentados pela seca, mas também pela terrível política ambiental do governo brasileiro, que vê a Amazónia apenas como uma vaca leiteira", lê-se no texto, citado pela agência francesa AFP.
Com o lema "SOS Amazónia", o movimento conhecido por se manifestar todas as sextas-feiras contra as alterações climáticas está a convocar manifestações à porta das embaixadas e consulados brasileiros em todo o mundo em diferentes horários ao longo do dia.
"Queremos um governo que reconheça a importância da natureza e se comprometa a proteger os nossos principais recursos naturais, um governo que exerça um controle rígido sobre as empresas que fazem uso indevido de nossos recursos naturais e dê prioridade à defesa dos direitos dos povos indígenas", afirma Daniela Borges, do movimento "Sextas-feiras pelo futuro" no Brasil, citada no comunicado.
"A nossa guerra contra a natureza deve parar", escreveu Greta Thunberg no Twitter na quinta-feira, a partir de um veleiro que está a cruzar o Atlântico a caminho de Nova Iorque, numa viagem com zero emissões de dióxido de carbono.
O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
Participam na cimeira os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se mostrou "profundamente preocupado" com os incêndios numa das "mais importantes fontes de oxigénio e biodiversidade", referindo que a Amazónia "deve ser protegida".
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.