Mais Tchekhov, menos Prozac

Olmo e a Gaivota, Petra Costa, Lea Glob
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Petra Costa realizou, em 2012, um comovente docudrama intitulado Elena, sobre a irmã atriz, desaparecida em Nova Iorque. Reunida agora com a dinamarquesa Lea Glob, regressa a essa zona híbrida do registo documental mesclado com a construção dramática, para sondar a psique de uma atriz de teatro. Olmo e a Gaivota segue então a gravidez de risco dessa atriz, Olivia, perscrutando a rota memorialista e psicológica que revela a sua identidade, e acompanhando as inseguranças relacionadas com esse interregno na carreira próspera - numa altura em que se preparava para interpretar Arkadina, da peça A Gaivota, de Anton Tchekhov.

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Embora o resultado seja uma experiência devidamente organizada, no sentido de nos conduzir à poesia existencial, parece faltar uma visão mais ambiciosa no retrato introspetivo. É como se, por vezes, o filme caísse nesse enfado que Olivia sente todos os dias fechada em casa, vigiando a sua própria gestação. Em última instância, falta um maior diálogo com a peça de Tchekhov, símbolo de uma revolução teatral e, por isso, em sintonia com a mudança operada numa vida.

Classificação: **

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