Mais jovens, com menos escola e poder de compra. Eis o retrato estatístico dos Açores
Mais jovem, menos escolarizada, com menos poder de compra do que a média nacional - este é o retrato da população dos Açores, traçado a partir dos indicadores reunidos pela Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
De acordo com estes dados, o arquipélago tem 242 821 residentes, sendo 16% (37 660) jovens com menos de 15 anos, uma percentagem superior em dois pontos percentuais à média nacional.
O índice de envelhecimento revela que há 95 idosos por cada cem jovens nos Açores, enquanto na totalidade do território português a proporção é de 161 idosos por cada cem jovens, uma diferença muito significativa. Mas se os números são favoráveis por comparação com a média nacional, o mesmo não acontece numa perspetiva evolutiva, com o índice de envelhecimento a subir substancialmente desde o início do século. De tal forma que São Miguel é agora a única ilha com mais jovens do que idosos e onde o saldo natural ainda é positivo - e que, por ser a mais populosa, tem um grande peso na média final.
Nos Açores, a esperança de vida à nascença é inferior à do país: 77,9 anos (80,8 anos no conjunto do território).
De acordo com os indicadores reunidos pela Pordata, a partir de dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2019 cerca de 48% dos nascimentos nos Açores ocorreram fora do casamento (a média nacional é de 57%). E 71% dos casamentos foram não católicos
Com uma população particularmente jovem, os dados estatísticos revelam que um dos grandes desafios que se colocam aos Açores é a educação - a taxa de abandono escolar é mais do dobro da registada a nível nacional. No arquipélago, 27% dos jovens dos 18 aos 24 anos estão fora do sistema de ensino sem ter completado o secundário, enquanto no todo nacional essa percentagem é de 11%.
Uma discrepância que se repete em todos os indicadores relativos ao ensino. 70% da população com 15 ou mais anos não tem o ensino secundário (em todo o país a percentagem é de 58%), e só 11% tem formação superior (20% no país). A taxa de retenção e desistência no secundário é de 20% nos cursos gerais e de 15% nos tecnológicos e profissionais.
No que se refere ao trabalho, 60% da população açoriana é ativa - 68% dos homens e 53% das mulheres.
A grande fatia da população ativa - 73% - trabalha no comércio e serviços, 17% em indústrias e 10% na agricultura. 86% dos empregados trabalham por conta de outrem. Em 2019 a taxa de desemprego foi de 8%.
O PIB per capita no arquipélago é de 17 514 euros, contra os 19 827 euros de todo o país. Um valor de 87,3 por referência ao valor nacional (100). O Faial é a ilha com oPIB per capita mais alto (90,7), a Graciosa com o mais baixo (73,1).
Outro indicador que mostra uma população mais pobre do que a média do país é o número de beneficiários do rendimento social de inserção (RSI). São 10,2%, contra os 3% da totalidade do território. Em números absolutos são 20 913 beneficiários, 7,8% do número total de beneficiários no país.
Um indicador em que os Açores mostram resultados superiores à média nacional é na conectividade. No arquipélago 86% das famílias têm ligação à internet (81% em todo o território), e 78% dos indivíduos com 16 ou mais anos usam a internet (a média nacional é de 75%). E são sobretudo as mulheres (80%) quem utiliza a internet, quando nos dados nacionais são os homens.
Com os açorianos em vésperas de irem às urnas escolher o governo regional, os números das eleições anteriores mostram uma taxa de abstenção bastante alta. Em 2016 as eleições para a Assembleia Legislativa regional tiveram uma taxa de abstenção de 59,2% - que atingiu os 63,1% em São Miguel e, no polo inverso, os 23,4% na ilha do Corvo (que tem 465 habitantes).
Taxas que são ainda mais altas nas presidenciais que também se avizinham - 69,1% em 2016 (51,3% em todo o território nacional). Na ilha de Santa Maria a abstenção atingiu os 72,4%.