Mais de dois milhões de euros de prejuízos só em Coimbra

Enguias e outros peixes invadiram os claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Por todo o país houve inundações, quedas de árvores, barras fechadas, cortes de estradas e ferrovias
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Só nas esplanadas do Parque Verde do Mondego, que neste fim de semana voltaram a ficar submersas, os prejuízos provocados pelas cheias podem chegar aos dois milhões de euros. Ontem, a autarquia de Coimbra ainda não tinha calculado os danos no resto da cidade, mas sabe-se que o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha - parcialmente submerso - requer, desde as cheias de janeiro, uma intervenção que pode chegar aos 600 mil euros. O rasto de destruição deixado pela chuva e pelo vento forte estende-se ao resto do país. Em Santa Marta de Penaguião, por exemplo, preveem-se prejuízos de meio milhão de euros.

As águas do Mondego, que ontem transformaram o campo de golfe da Quinta das Lágrimas numa grande piscina, voltaram a inundar o mosteiro, que era previsto abrir daqui a um mês.

Depois das cheias do mês passado, que fizeram estragos calculados entre os 450 mil e os 600 mil euros, o mosteiro estava, finalmente, "seco". Mas voltou a ficar parcialmente submerso. Celeste Amaro, a responsável da Direção Regional da Cultura do Centro, contou à Lusa que encontrou "enguias e uma série de peixes" nos claustros.

Para os moradores e comerciantes da zona foi mais uma noite em claro. Fonte ligada à empresa responsável pela concessão dos bares do Parque Verde do Mondego estima prejuízos de cerca de dois milhões de euros, "só no interior dos estabelecimentos."

Segundo o vereador responsável pela Proteção Civil na Câmara de Coimbra, Jorge Alves, este domingo foi "mais calmo." "O rio desceu um pouco, mas mantém-se o plano de emergência", disse ao DN, acrescentando que só nos próximos dias serão calculados os danos. "A preocupação agora é pôr tudo operacional", destacou. Para a melhoria da situação terá contribuído a abertura dos diques na margem direita do Mondego.

Na estação da CP de Coimbra, a "Marta", voz gravada assim batizada por um funcionário da estação, estava "cansadinha" de "pedir desculpa pelos incómodos causados". Desde sábado, a circulação tem sido interrompida em vários pontos devido às inundações, o que obrigou a CP a garantir transbordos de autocarro e "entupiu" a linha telefónica. Fonte da empresa confirmou ao DN que "o call center esteve sobrecarregado, o que é natural face a tudo o que aconteceu". Para agravar a situação, foi divulgado online um número de apoio errado durante a noite, situação corrigida de manhã.

Desde sexta-feira, a Autoridade Nacional de Proteção Civil contabilizou 2464 ocorrências, especialmente em Coimbra, Porto, Aveiro, Leiria e Lisboa. Registaram-se sobretudo inundações, quedas de árvores e estruturas, deslizamentos de terra. Em Santa Marta de Penaguião, o presidente da autarquia, Luís Machado, estima meio milhão de prejuízos devido à destruição de vinhas, muros e estradas.

Em Águeda, uma das zonas mais afetadas pelo mau tempo, a situação também estava ontem mais tranquila. Jorge Almeida, vice-presidente da autarquia, contou ao DN que a água já tinha saído das ruas, pelo que já decorriam as operações de limpeza. "Os estragos foram pontuais", afirmou, pois a tomada de "medidas atempadas" permitiu minimizar os danos.

Por volta das 17.40, foi encontrado o corpo do homem, de 50 anos, arrastado pela corrente do rio Vouga no sábado, quando circulava de bicicleta na estrada da Cambeia, em Albergaria-a-Velha. Na zona do Forte de São Miguel, na Nazaré, a Polícia Marítima teve de retirar seis pessoas, devido ao vento, com rajadas com mais de cem quilómetros por hora. Já na serra da Estrela, um forte nevão levou ao encerramento do trânsito no acesso ao pico da montanha.

O alerta amarelo termina hoje às 08.00. Está previsto um desagravamento do estado do tempo, não sendo esperada precipitação a partir do início tarde, mas sim descida da temperatura. A chuva deverá regressar na quarta-feira.

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