Mais de 25 milhões de doses de medicamentos ilegais apreendidos
A operação internacional Pangea X, que juntou autoridades aduaneiras e autoridades nacionais do medicamento de 123 países, apreendeu mais de 25 milhões de doses de medicamentos ilegais, durante os dias 12 e 16 de setembro. O valor estimado da apreensão é de cerca de 42,6 milhões de euros. Nas alfandegas foram detetados produtos ilegais e contrafeitos para o tratamento da dor, epilepsia, disfunção erétil. antipsicóticos, suplementos diatéticos e outros produtos na área da nutrição.
Em Portugal, a ação que envolveu o Infarmed e a Autoridade Aduaneira (AT), foram controladas 7363 encomendas, das quais 79 foram apreendidas. Segundo o balanço das autoridades, "foi possível impedir a entrada de 6686 unidades de medicamentos ilegais com um valor estimado de 11 337 euros".
Em comunicado, as autoridades referem que a nível global resultaram desta ação, que durou uma semana, "1058 investigações, tendo sido suspensos mais de três mil anúncios de produtos farmacêuticos ilícitos através de plataformas de redes sociais e foram encerrados 3584 websites".
A operação focou-se também na venda de dispositivos médicos ilícitos, como aparelhos e implantes dentários, seringas, preservativos, tiras-teste de uso clínico e equipamentos cirúrgicos. Foram recuperados dispositivos ilícitos no valor de 418 mil euros e houve ainda uma apreensão, no Vietname, de 1,2 toneladas de comprimidos para a disfunção erétil.
Há dez anos que Portugal participa nesta ação, tendo sido apreendidos mais de 104 mil unidades de medicamentos. Este ano foram apreendidas 6686 unidades de medicamentos ilegais, valor em linha com os números do ano passado. Além desta ação, liderada pela Interpol, o Infarmed trabalha diariamente com as alfândegas na deteção de medicamentos ilegais e contrafeitos, evitando que entrem no país. Essa ação diária impediu nos últimos cinco anos a entrada de 2,2 milhões de doses ilegais.
Quanto à ação da última semana, Luís Sande e Silva, diretor da Unidade de Inspeção do Infarmed, explicou ao DN que a maioria dos produtos detetados foram analgésicos e medicamentos para a disfunção erétil. "Este ano houve particular destaque para os medicamentos para a dor, em particular o fentanyl que é um opioide poderoso e que tem causado inúmeros problemas pelo mundo. Em Portugal não detetámos este produto", disse o responsável, explicando que os produtos detetados ou são destruídos ou devolvidos ao remetente quando se trata de encomendas entre particulares e sem risco acrescido.
A compra na internet é uma realidade cada vez maior e por isso o foco, adiantou, é a sensibilização para os riscos que esta opção pode trazer. "O risco é real. Nas análises que temos feito no nosso laboratório, temos percebido que há inúmeras situações em que as pessoas estão a tomar um produto sem substância ativa, que é outra completamente diferente, situações em que há bactérias e outros agentes infecciosos presentes nos produtos. Estamos a falar de produtos fabricados sem qualquer controlo", alertou, referindo que não têm nenhum situação identificada de suspeita de morte ou risco de vida associada à compra de medicamentos ilegais pela internet.
Os motivos que levam as pessoas a comprar pela net podem ser vários, desde vergonha em casos associados a produtos para a disfunção erétil, ao hábito de comprar outros produtos pela internet, aos preços praticados que são mais baixos. Luís Sande e Silva deixou um outro alerta: o risco de as pessoas pensarem que estão a comprar num site seguro quando na realidade não estão.
"É preciso notar que há sites que se fazem passar por fidedignos e é um problema. É preciso ver bem a quem estão a comprar. Se for uma farmácia nacional está identificada como farmácia nacional com logótipo europeu, criado em específico para venda de medicamentos na internet. Tem de ter morada e alvará. Pensam que estão a comprar farmácia licenciada e estão a comprar um produto na China ou noutro país, produzido sem qualquer condições", referiu.