Mãe disposta a receber visita de casal português que criou a filha

Natália Zarubina, mãe de Alexandra, a menina portuguesa que cresceu com uma família portuguesa, olha com alguma incerteza para o futuro, mas já não fecha a "porta" à ida do casal Pinheiro à aldeia onde vive com a filha.
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"Na nossa vila há um hotel com condições e estou disposta a receber o João e a Florinda [Pinheiro], eles podem visitar a Sandra quando quiserem", declarou Natália à Lusa quando confrontada com a pergunta de se admitia a possibilidade de regressar a Portugal.

Sem nunca responder directamente à questão, prefere apontar algumas ajudas que recebeu para Alexandra, a menina de seis anos que foi criada por um casal português e que, por decisão do Tribunal de Guimarães, foi entregue à mãe há cerca de um mês.

"Recebemos ajuda inesperada. Um grupo de russos que vivem nos Emiratos Árabes Unidos enviaram uma piscina de plástico e um telemóvel para a Alexandra. Um anónimo trouxe-nos comida para os cães que deve dar para mais de um ano...", relata.

"Mas também recebi um postal com insultos vindo da Espanha, pelo menos trazia selo espanhol. Exigiam que eu devolvesse a criança a Portugal", acrescenta.

Natália não se queixa, mas constata que pouco apoio tem recebido das autoridades russas.

"Da Câmara Social junto do Presidente da Rússia não veio cá ninguém, disseram-me que vou começar a receber um abono de família no início de Julho, mas não sei quanto, vou increver-me no centro de emprego, mas não está fácil...", sublinha.

A crise económica já há muito tempo chegou à vila de Pritchistoe e os empregos não são muitos, tanto mais que desapareceram algumas indústrias.

"Antes, tínhamos uma panificação, uma vacaria, fábrica de leite e queijo, mas já fecharam todas", reconhece Valéria, a irmã mais velha e a maior amiga de Sandra.

O seu sonho é estudar arquitectura na cidade de Iaroslavl, mas para isso é preciso terminar a escola média, obter notas para conseguir esse objectivo e ter meios financeiros para ir estudar para a capital de distrito.

Quando se aborda a questão da possibilidade de Natália e Alexandra regressarem a Portugal, a primeira reacção de toda a família Zarubin é uma negativa, mas já não tão firme como há um mês atrás, quando mãe e filha chegaram à Rússia: as dificuldades económicas são evidentes, aumentadas pela entrada em casa de mais duas pessoas.

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