Mads Mikkelsen: "Não farei parte da Inteligência Artificial no cinema"

Um dos atores mais celebrados da Europa, Mads Mikkelsen faz de nazi vilão neste novo Indiana Jones. Um dinamarquês que tem mercado bom em Hollywood.
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Tem alguma explicação porque é tantas vezes chamado por Hollywood para fazer de mau-da-fita?
Costumo brincar que a culpa é do meu sotaque inglês cómico... Antes eram os russos, depois os ingleses, a seguir os alemães e agora eu a tentar ser... alemão! Não sei, eu tento sempre humanizar as coisas. Mas, lá está, acho que isso dos heróis e vilões é uma coisa muito movediça. Reconhecemos sempre alguém quando vemos as suas fraquezas. Penso que muitos atores vão por essa via, mas depende sempre do argumento. Quando essa fraqueza não está lá, nada a fazer. Eu aqui sou secundário e a ideia é eu ser suporte para o filme. O protagonista é diferente: o filme está lá para o servir. Quando um ator é protagonista, a câmara e a história vão atrás dele. E aqui o Harrison é um monstro.

Qual a relação que tem com estes filmes Indiana Jones?
São os filmes que a minha família vê no Natal, já os revi tantas vezes, com os meus pais, com o meu irmão, com os meus filhos... Num filme desta saga podemos ser um pouco ousados mas temos de respeitar as regras, tudo tem de ser feito no universo do Indiana Jones e há uma série de regras, tal como nos Star Wars. Aqui não queríamos fazer igual mas também não queríamos renovar. Quisemos respeitar mas avançar alguma coisa.

Este filme usa a técnica dos efeitos visuais que rejuvenescem os atores, o de-aging. Acha que no futuro a Inteligência Artificial poderá jogar aqui um papel?
Não, eu não farei parte disso. Mas vai acontecer, só acho é que não vai pegar. Caramba, as pessoas ainda vão ao teatro e à ópera!! Querem o real! O de-aging neste filme justifica-se, sobretudo porque se trata de Harrison Ford. É ele a representar há 40 anos! E tudo o que vemos ali provém realmente da sua interpretação. Tudo isto é justificável porque andamos para trás no tempo.

Será que é um problema quando estas franquias duram e duram no tempo?
Boa pergunta: será? Ao mesmo tempo, milhares de outros filmes estão a ser feitos e não são sequelas ou franquias. A verdade é que na estreia aqui em Cannes vimos um homem que quer continuar a fazer isto para sempre mas, ao mesmo tempo, pirar-se desta aclamação o mais cedo possível.

dnot@dn.pt

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