A mudança foi tão subtil que passou despercebida a toda a gente durante quase três anos. O presidente Emmanuel Macron deu ordens para mudar uma das cores da bandeira tricolor francesa (vermelho, branco e azul), para encontrar ecos no heroísmo do passado de França..Os observadores mais atentos podem ver que o azul da bandeira tricolor içada no Palácio do Eliseu e colocada atrás de Macron nas conferências de imprensa e nos seus discursos tem um tom mais escuro do que a anterior..O uso do azul marinho é um regresso à tradição e à cor de 1973 - foi o então presidente Valéry Giscard d"Estaing que alterou para o azul mais aberto em 1976, para que combinasse com a cor da bandeira europeia..A mudança foi feita nas bandeiras colocadas atrás de Macron nos discursos a partir de 2018 e na que está içada no Eliseu e noutros edifícios presidenciais a partir de 2020, disse à AFP um membro do gabinete, que pediu para não ser identificado..O mesmo responsável disse que o azul marinho "evoca a memória dos heróis que lutaram na Revolução Francesa, nas trincheiras da Grande Guerra e na Resistência durante a II Guerra Mundial..A mudança foi finalmente notada depois de ser revelada no livro Élysée Confidentiel (em português seria Eliseu Confidencial), publicado pelos jornalistas Eliot Blondet e Paul Larraouturou neste outono..Os autores escreveram que a iniciativa veio do chefe de operações no Palácio, Arnaud Jolens, que os jornalistas entrevistaram para o livro. A mudança teve um custo de cinco mil euros.."Giscard d"Estaing mudou o azul por razões estéticas durante a integração com a Europa, mas a bandeira que todos os presidentes levaram com eles desde então não era a verdadeira bandeira francesa", disse Jolens, citado no livro..O responsável do Eliseu indicou ainda que a bandeira no Arco do Triunfo, em Paris, sempre foi azul marinho. Além disso, nunca foi feito um comunicado oficial nem foram dadas ordens para mudar todas as bandeiras oficiais..Giscard d"Estaing não mudou só a bandeira, também diminuiu ligeiramente o ritmo d"A Marselhesa, o hino francês (queria que se parecesse menos com uma marcha militar). O seu sucessor, François Mitterrand, restabeleceu a versão anterior..A França prepara-se para assumir, a 1 de janeiro, a presidência rotativa da União Europeia, com o Palácio do Eliseu a defender que a decisão de mudar a cor da bandeira não antieuropeia. Macron, pró-europeu, ainda não anunciou oficialmente se é ou não candidato à reeleição nas presidenciais de abril.