"Luta contra terrorismo é prioridade. Teremos de pôr de parte o brexit"

Numa conversa ao telefone com o DN, o presidente do Parlamento Europeu garantiu que o terrorismo, com a imigração ilegal e o desemprego jovem é uma das três prioridades da Europa.
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O italiano Antonio Tajani lembrou que este é "um assunto global" e lembrou que para o daesh a situação está "difícil" no Iraque e na Síria, por isso o grupo islamita está a "reagir na Europa".
O Reino Unido voltou nesta segunda-feira à noite a ser alvo de um atentado, o terrorismo é hoje a maior preocupação para a União Europeia?
Sim, é um dos assuntos mais importantes. O terrorismo, a imigração ilegal e o desemprego jovem são os três assuntos mais importantes para nós. Neste momento a situação em Raqqa e Mossul está muito complicada para o daesh [acrónimo árabe usado para se referir ao Estado Islâmico], por isso eles estão a reagir na Europa. A situação é muito perigosa, há muitos combatentes estrangeiros a regressar de Raqqa e de Mossul. Temos de prestar atenção a esta situação. E temos de reagir. É preciso mais cooperação entre países, entre polícias.
Mesmo que o daesh seja derrotado na Síria e no Iraque, o que pode ser feito para o impedir de inspirar mais ataques como este em Manchester?
Temos de cooperar mais, de ter uma cooperação forte. Entre europeus, claro. Mas também com Israel, com os EUA. Este é um assunto global que não afeta só a União Europeia.
Os dois últimos grandes ataques aconteceram no Reino Unido. Apesar do brexit, a UE terá de continuar a cooperar e partilhar informações com as autoridades britânicas...
A luta contra o terrorismo é uma prioridade. Teremos de pôr de parte o problema do brexit.
Com a imigração a ser uma das principais preocupações na UE, ataques como este podem reforçar o sentimento anti-imigração? Independentemente de onde for o atacante...
Temos de fazer uma divisão entre terrorismo e imigração. Claro que entre os imigrantes pode haver terroristas, mas isso não faz de todos os imigrantes terroristas. Mesmo dentro da imigração, há problemas diferentes. Quanto aos refugiados, temos de trabalhar melhor nesse assunto. Há um acordo europeu. O Parlamento Europeu foi muito claro. Empurrámos a Comissão Europeia para que tome medidas em relação aos Estados-membros que não estejam a respeitar o acordo sobre os refugiados. Há ainda muitos refugiados na Grécia e em Itália. A outra questão é a imigração ilegal. Há dois corredores. Depois do acordo com Ancara, o corredor que passa pela Turquia ficou muito melhor. O segundo corredor é o do Mediterrâneo. Para resolver este teremos de chegar a um acordo com a Líbia. E este só pode ser alcançável através de uma estratégia europeia. Depois temos de olhar para a África subsariana. Temos de criar condições para que as pessoas não saiam da Argélia, Chade, Congo, Costa do Marfim, da Somália ou da Etiópia. Estes países lidam com situações muito complicadas. Há os ataques do Boko Haram contra vários países. E temos de lutar contra as alterações climáticas, com a seca a destruir as colheitas agrícolas na África subsariana. Há secas na Somália, no Congo. Precisamos de um Plano Marshall para África: é preciso mais dinheiro para ajudar estes países. E esse dinheiro tem de vir através das Nações Unidas. Na semana passada estive em Estrasburgo com o secretário-geral da ONU, o senhor Guterres, que fez um excelente discurso no Parlamento Europeu. E estamos a organizar uma viagem a África antes da cimeira UE-União Africana em novembro. A situação em África é um dos problemas mais importantes que vamos discutir na minha visita a Portugal. O presidente português convidou-me para ir a Portugal. Estarei em Portugal em julho para uma visita oficial. E Portugal deve ter um papel muito importante em África. Porque conhece muito bem África e porque podemos usar esse conhecimento. A própria língua. A vossa língua é uma mais-valia em África. E na América do Sul.
Vai estar com o presidente Donald Trump quando ele for a Bruxelas?
Vou ter um encontro com ele na quinta-feira [amanhã], sim.
Espera mais envolvimento e cooperação dos EUA para travar o terrorismo?
A mensagem que chega da Administração Trump... primeiro temos de falar com ele. O importante é que haja um forte compromisso no combate contra o terrorismo. Todos juntos: americanos e europeus.

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