Livro "O Anjo Branco" tem a Guerra Colonial como fundo
O protagonista deste oitavo romance de Rodrigues dos Santos chama-se José Branco, um médico que foi viver para Moçambique na década de 1960 e que, perante as enormes carências sanitárias do país, criou o revolucionário Serviço Médico Aéreo, deslocando-se num pequeno avião, o que lhe valeu o epíteto de "anjo branco", por descer do céu vestido de branco.
"Inspirei-me no meu pai: o romance conta a história de um médico que é punido pela administração colonial e enviado para Tete, um sítio perdido no coração de África conhecido por 'o cemitério dos brancos'", disse o autor em entrevista à Lusa.
"Sob a responsabilidade do médico fica um território em Moçambique com o tamanho de Portugal continental. E, para dificultar ainda mais as coisas, começa entretanto a guerra. Como lidar com a situação? Este foi o cenário que o meu pai enfrentou em Moçambique e é aquele que se depara diante do personagem principal de 'O Anjo Branco'", revelou.
O escritor e jornalista da RTP, de 46 anos, decidiu contar esta história inspirada em factos reais, que lhe exigiu "muita investigação" -- teve de "conversar com imensa gente, ver muita documentação e visitar por duas vezes os locais da acção em Moçambique" --, por considerar que "estava por escrever o grande romance português sobre a Guerra Colonial".
"Fico com a impressão de que a literatura que se produziu sobre o assunto é complexada e colorida ideologicamente, com 'bons' de um lado e 'maus' do outro, ou então é bacocamente saudosista", defendeu.
"Eu quis fugir a esses dois registos -- sublinhou -, quis escrever um romance descomplexado que mostrasse as grandezas e as misérias, e também as contradições da nossa presença em África. Quis sobretudo escrever um romance como nunca tinha sido escrito sobre a guerra colonial e os Portugueses em África".
"O Anjo Branco" chega na sexta-feira às livrarias portuguesas, numa edição da Gradiva, mas já é possível encomendá-lo hoje on-line, em sites como os da Fnac e da Wook.