Uma coisa é garantida: no grupo dos 21 deputados que representarão Portugal na próxima legislatura do Parlamento Europeu, não constará - mais uma vez - nenhum estrangeiro. Estrangeiro, note-se, da UE. Nas eleições europeias e nas autárquicas, os cidadãos comunitários podem ser candidatos em todos os países (desde que o sejam só num, evidentemente)..Na lista do PS não há, nem em nenhuma outra das que atualmente têm representação (PSD, CDU, BE, CDS e Marinho e Pinto, que desta vez encabeçará a lista do PDR, partido que fundou depois de ter rompido com o MPT, pelo qual foi eleito há cinco anos)..Estrangeiros comunitários na verdade só se encontram na lista do Livre, a qual será liderada por Rui Tavares, o principal dinamizador da criação deste partido, depois de ter sido cinco anos (2009-2014) eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda. Em sétimo lugar está Barbara Schiling Tengarrinha (alemã) e em 22.º Hans Eickoff, também alemão. Para além destes dois, encontra-se ainda na lista Rafael Montes, natural da Venezuela mas cidadão espanhol, em 27.º lugar..De resto, só portugueses - mesmo a número dois da lista, Joacine Kabar Moreira, que tem raízes na Guiné-Bissau..Em algumas das outras listas - 17 ao todo - encontram-se cidadãos com dupla nacionalidade (sendo uma delas portuguesa) mas mais nenhum cidadão comunitário. A Iniciativa Liberal tem uma luso-francesa na lista, Angelique da Teresa, em 26.º lugar (ou seja: 5.ª suplente). Em 5.º lugar está um ator luso-são-tomense, Gany Ferreira, e em 11.º um luso-brasileiro, Matheus Costa..O Aliança, de Pedro Santana Lopes, que fez avançar como cabeça-de-lista Paulo Almeida Sande (antigo chefe da representação em Portugal do Parlamento Europeu), tem também dois candidatos de dupla nacionalidade, um luso-brasileiro (em 6.º) e uma luso-canadiana (10.º). No Nós, Cidadãos também há uma luso-venezuelana (12.º lugar da lista) e um luso-brasileiro (22.º)..E é tudo. Nas formações eminentemente nacionalistas - como o Basta ou o PNR -, a marca é também a de não haver nenhum cidadão comunitário ou mesmo de dupla nacionalidade. Falando, por Messenger, com o DN, o cabeça-de-lista do PNR, João Patrocínio, respondeu ironizando: "Estávamos a pensar convidar o Mamadu [Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo] mas seria contraproducente, visto que, sendo ele racista, não podia estar no nosso partido, pois esses não são os nossos valores.".Viriato Soromenho-Marques, professor universitário de filosofia - além de um dos principais pensadores em Portugal de tudo o que seja relativo à integração europeia, admite ao DN que a limitadíssima participação de estrangeiro da UE nas listas portuguesas ao Parlamento Europeu é só mais um "sinal" de que, "como em muitas outras coisas na Europa, a cidadania europeia é uma situação incompleta"..Além do mais, "há um sistema de governo da Europa mas não há uma governação europeia". Ou seja: os principais órgãos - Conselho, Comissão, Parlamento - mas também outros, como o Eurogrupo, são na verdade formados pela soma de diversas representações nacionais. E isso exige protagonistas - no caso de que falamos, eurodeputados - mais "vinculados às disciplinas nacionais". Por isso, no caso nacional, a predominância absoluta de candidatos portugueses. "Os eurodeputados estão lá para defender os interesses nacionais.".Isto, no caso nacional, coexiste com uma outra característica: as comunidades emigrantes residentes em Portugal são, no essencial, extracomunitárias. Os estrangeiros da UE residentes em Portugal são relativamente poucos e isso implica ausência de peso eleitoral. Os partidos não se sentem portanto obrigados a incorporá-los nas listas porque não receiam perder votos. Se em França há já vários autarcas lusodescendentes da grande vaga migratória dos anos 60, isso acontece, precisamente, porque gerem comunidades onde a emigração portuguesa tem forte representação eleitoral.
Uma coisa é garantida: no grupo dos 21 deputados que representarão Portugal na próxima legislatura do Parlamento Europeu, não constará - mais uma vez - nenhum estrangeiro. Estrangeiro, note-se, da UE. Nas eleições europeias e nas autárquicas, os cidadãos comunitários podem ser candidatos em todos os países (desde que o sejam só num, evidentemente)..Na lista do PS não há, nem em nenhuma outra das que atualmente têm representação (PSD, CDU, BE, CDS e Marinho e Pinto, que desta vez encabeçará a lista do PDR, partido que fundou depois de ter rompido com o MPT, pelo qual foi eleito há cinco anos)..Estrangeiros comunitários na verdade só se encontram na lista do Livre, a qual será liderada por Rui Tavares, o principal dinamizador da criação deste partido, depois de ter sido cinco anos (2009-2014) eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda. Em sétimo lugar está Barbara Schiling Tengarrinha (alemã) e em 22.º Hans Eickoff, também alemão. Para além destes dois, encontra-se ainda na lista Rafael Montes, natural da Venezuela mas cidadão espanhol, em 27.º lugar..De resto, só portugueses - mesmo a número dois da lista, Joacine Kabar Moreira, que tem raízes na Guiné-Bissau..Em algumas das outras listas - 17 ao todo - encontram-se cidadãos com dupla nacionalidade (sendo uma delas portuguesa) mas mais nenhum cidadão comunitário. A Iniciativa Liberal tem uma luso-francesa na lista, Angelique da Teresa, em 26.º lugar (ou seja: 5.ª suplente). Em 5.º lugar está um ator luso-são-tomense, Gany Ferreira, e em 11.º um luso-brasileiro, Matheus Costa..O Aliança, de Pedro Santana Lopes, que fez avançar como cabeça-de-lista Paulo Almeida Sande (antigo chefe da representação em Portugal do Parlamento Europeu), tem também dois candidatos de dupla nacionalidade, um luso-brasileiro (em 6.º) e uma luso-canadiana (10.º). No Nós, Cidadãos também há uma luso-venezuelana (12.º lugar da lista) e um luso-brasileiro (22.º)..E é tudo. Nas formações eminentemente nacionalistas - como o Basta ou o PNR -, a marca é também a de não haver nenhum cidadão comunitário ou mesmo de dupla nacionalidade. Falando, por Messenger, com o DN, o cabeça-de-lista do PNR, João Patrocínio, respondeu ironizando: "Estávamos a pensar convidar o Mamadu [Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo] mas seria contraproducente, visto que, sendo ele racista, não podia estar no nosso partido, pois esses não são os nossos valores.".Viriato Soromenho-Marques, professor universitário de filosofia - além de um dos principais pensadores em Portugal de tudo o que seja relativo à integração europeia, admite ao DN que a limitadíssima participação de estrangeiro da UE nas listas portuguesas ao Parlamento Europeu é só mais um "sinal" de que, "como em muitas outras coisas na Europa, a cidadania europeia é uma situação incompleta"..Além do mais, "há um sistema de governo da Europa mas não há uma governação europeia". Ou seja: os principais órgãos - Conselho, Comissão, Parlamento - mas também outros, como o Eurogrupo, são na verdade formados pela soma de diversas representações nacionais. E isso exige protagonistas - no caso de que falamos, eurodeputados - mais "vinculados às disciplinas nacionais". Por isso, no caso nacional, a predominância absoluta de candidatos portugueses. "Os eurodeputados estão lá para defender os interesses nacionais.".Isto, no caso nacional, coexiste com uma outra característica: as comunidades emigrantes residentes em Portugal são, no essencial, extracomunitárias. Os estrangeiros da UE residentes em Portugal são relativamente poucos e isso implica ausência de peso eleitoral. Os partidos não se sentem portanto obrigados a incorporá-los nas listas porque não receiam perder votos. Se em França há já vários autarcas lusodescendentes da grande vaga migratória dos anos 60, isso acontece, precisamente, porque gerem comunidades onde a emigração portuguesa tem forte representação eleitoral.