Lisboa quer atrair investidores para projetos de renda acessível no valor de 648 milhões de euros
Os projetos de renda acessível do Alto da Ajuda, Olaias e Vale de Santo António, num valor total de 648 milhões de euros, bem como o Hub Azul e a Fábrica dos Unicórnios, vão ser apresentados esta semana, em França, no MIPIM, o maior evento imobiliário do mundo, pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, com o objetivo de trazerem para a capital investidores para estes empreendimentos.
"Por um lado, queremos apresentar a nossa cidade como uma cidade com uma identidade única, caracterizada por uma diversidade de bairros, cada um deles com a sua identidade própria, e queremos mostrar que estamos a investir em novos projetos criativos. Queremos mostrar que estamos a fazer um esforço enorme para reduzir prazos de licenciamento, que é um tema que, inclusivamente, leva até os investidores a não virem para Lisboa. E eu quero garantir que estamos a fazer um esforço enorme para reduzir esses prazos", diz ao DN Joana Almeida.
Um dos projetos que a autarquia quer mostrar no MIPIM tem a ver com o programa Programa Renda Acessível (PRA) Concessões. Os projetos têm já um valor de investimento previsto e a ideia é captar financiadores para que esse custo seja partilhado. "Temos o Alto da Ajuda, com 186 fogos, dos quais 140 de renda acessível; Olaias, 496 fogos, em que 372 são de renda acessível; e para o Vale de Santo António, que queremos terminar e garantir que a renda acessível avança, estamos a falar de 2300 fogos", enumera a vereadora do Urbanismo. "O Alto da Ajuda tem associado um investimento de 38 milhões de euros, o das Olaias são 110 milhões de euros, e o do Vale de Santo António são 500 milhões de euros, sendo que este é possível ser financiado com fundos europeus".
Outros dois projetos que Carlos Moedas e Joana Almeida apresentarão em Cannes estão ligados à inovação e à ciência. "Há o projeto Hub Azul, em que a Câmara de Lisboa vai construir um edifício na Doca de Pedrouços ao lado dos edifícios que vão ficar para a Fundação Champalimaud e a Fundação Gulbenkian. Temos estado os três a trabalhar para que exista uma uniformidade, até em termos de arquitetura. Para o edifício da câmara municipal, a ideia é ser um espaço que acolhe centros de investigação, universidades e empresas na área do mar", refere a vereadora. "Há um investimento ao abrigo do PRR, que vamos ter com a construção do edifício, de 31 milhões de euros. E aqui a ideia é captar empresas para se instalarem neste espaço".
Quanto à Fábrica de Unicórnios, no Hub do Beato, a ideia é captar investimento para a construção de três edifícios: um de 11 mil metros quadrados, um outro de oito pisos com cerca de 3500 metros quadrados, e um terceiro, com 9000 metros quadrados e onde serão aproveitados antigos silos.
O cartão de visita de Lisboa será dado aos investidores através do projeto da autarquia chamado "Há vida no meu bairro", conforme adianta Joana Almeida. "Estamos a olhar para a escala dos bairros e a garantir que, nessa escala, há uma oferta de serviços, o comércio local, a cultura, o jardim, o ensino, a saúde, e que estes serviços e funções do bairro são ligados por uma rede de mobilidade suave. Isto requer, ao nível da câmara municipal, uma articulação entre as várias unidades orgânicas do município e também, mas ainda não chegámos lá, um envolvimento das freguesias".
A autarquia lisboeta vai aproveitar ainda o MIPIM para perceber que exemplos de outras cidades podem ser implementados cá. "Tenho curiosidade de ver como é que Paris tem implementado o conceito da cidade dos quinze minutos. Até porque o nosso conceito de "Há vida no meu bairro" tem por base essa ideia dos 15 minutos. Depois conhecemos cidades, casos de Viena ou Munique, com exemplos de renda acessível. Também gostávamos de perceber como é que cidades latinas como Madrid ou Barcelona, que têm mais a nossa cultura, implementaram este tipo de renda acessível e como é que estas têm melhorado o tema, tornado mais eficiente o licenciamento urbanístico", refere a vereadora do Urbanismo.
A capital portuguesa, mas através da agência de promoção Invest Lisboa, vai apresentar também no MIPIM a plataforma GEO-IP, criada pela tecnológica Evolutio. "A ideia é criar uma aplicação que permita, através de uma consulta rápida e fácil, que os utilizadores consigam aceder a informação útil, como as localizações de ciclovias, redes de transporte, locais de interesse histórico, quais são as zonas com maior desenvolvimento urbanístico, o valor do metro quadrado nas diferentes zonas da cidade, etc", explica a vereadora do Urbanismo da Câmara de Lisboa. O plano é "a Câmara de Lisboa estar envolvida, ser o principal cliente, haver aqui uma parceria de a câmara dar informação e utilizar a plataforma simultaneamente".