Lisboa e Londres voltam à retórica da "mais velha aliança do mundo"

Estando o Brexit "consolidado", é tempo de se "relançar" e até "refundar" a relação bilateral entre Portugal e o Reino Unido. Agora traduzida numa nova "Declaração conjunta".
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No tempo em que o Reino Unido estava na UE, disse esta segunda-feira António Costa, as relações bilaterais Lisboa-Londres estavam um pouco "diluídas". Mas agora, "consolidado" que está o Brexit, os dois países podem regressar à retórica comum da "mais velha aliança do mundo" - "é a grande oportunidade para relançar e refundar esta relação bilateral".

O chefe do governo português encontrou-se ontem, em Londres, com o seu homólogo britânico, Boris Johnson, e todo o discurso de Costa enfatizou a ideia de como se pode afinal reverter o Brexit como algo passível de ser favorável aos interesses nacionais, pelas possibilidades que oferece de se voltarem a reforçar as relações diretas entre os dois países.

"Nos anos em que estivemos juntos na União Europeia, provavelmente as relações bilaterais foram-se diluindo no espaço coletivo da União Europeia. Agora que o Brexit está consolidado e que a pandemia de covid-19 deixou de ser uma fronteira e uma barreira às deslocações regulares dos últimos anos, é a grande oportunidade para relançar e refundar esta relação bilateral", sustentou Costa.

Boris Johnson, pelo seu lado, pediu aos arquivos britânicos que lhe fornecessem temporariamente o documento original do Tratado de Tagilde, para o mostrar a Costa. "Dentro de um mês vamos celebrar os 650 anos do primeiro tratado que assinámos com o Reino Unido, em Tagilde, uma freguesia de Vizela. 650 anos depois, continua a ser a aliança mais antiga que existe no mundo", declarou depois o primeiro-ministro português.

Os dois chefes de governo assinaram uma "Declaração conjunta sobre cooperação bilateral entre Portugal e o Reino Unido" que abrange as áreas da política externa, defesa, comércio e investimento, ciência e inovação, e educação. "Esta declaração conjunta será fundamental para, após o Brexit, relançar a mais antiga aliança que existe a nível mundial. Foi das primeiras que Estados-membros assinaram e está é talvez a que abrange mais temas, desde as áreas da defesa, investigação, passando pelo investimento, comércio, até às tecnologias, transição digital e energias renováveis", disse Costa.

A declaração prevê, por exemplo, uma nova convenção para evitar a dupla tributação no comércio e um acordo bilateral na área da Defesa. Portugal e o Reino Unido vão "aprofundar a cooperação em matéria de defesa através da conclusão das negociações e assinatura de um novo acordo de defesa bilateral", lê-se no documento.

Do ponto de vista político e geoestratégico, Portugal e o Reino Unido conservam "o compromisso com a defesa coletiva por meio da Aliança Atlântica". "Trabalharemos em conjunto para reforçar a postura defensiva da NATO a longo prazo e para garantir que a Aliança Atlântica disponha de uma vasta rede de parcerias que visem o fortalecimento da segurança, permitindo enfrentar todas as ameaças à segurança Euro-Atlântica. Aprofundaremos a nossa cooperação diplomática e em matéria de segurança e defesa, reforçando a nossa capacidade conjunta de ultrapassar ameaças atuais e futuras à nossa segurança."

Segundo um seu porta-voz, o primeiro-ministro Boris Johnson "agradeceu ao líder português pela ação decisiva de apoio à Ucrânia face à invasão bárbara da Rússia". Os dois concordam também que a Finlândia e a Suécia podem aderir à NATO, que assim ficará "mais forte".

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