Linha do Oeste: Leiria fora da linha
Lisboa e Leiria estão apenas a 150 quilómetros de distância. Isto é, a uma hora e trinta minutos de carro, duas horas caso o autocarro seja o meio de transporte escolhido.
Contudo, se a opção for o comboio, serão necessárias mais de três horas para percorrer esta distância, devido ao mau estado em que se encontra a linha ferroviária que liga estas duas cidades.
As dificuldades sentidas são de tal forma graves que há vários anos que esta situação está identificada, constando a modernização da Linha do Oeste do plano Ferrovia 2020. Aliás, importa recordar que ainda o PSD estava no governo e foram tomadas diligências para a Linha do Oeste ser considerada como um dos 30 investimentos prioritários para Portugal e, consequentemente, permitir que pudesse beneficiar de fundos comunitários.
No início deste ano, os portugueses tomaram conhecimento de que, do total de projetos apresentados, neste âmbito, pelo atual governo, em 2016 - nomeadamente pelo atual eurodeputado e anterior ministro das Infraestruturas Pedro Marques - apenas 9% estavam a ser, efetivamente, executados.
Tal não surpreende, visto que o ministro, a 4 de julho de 2018, se comprometeu com o lançamento do concurso para intervenções na Linha do Oeste, até ao final do ano passado, algo que não sucedeu até julho de 2019, já com um novo ministro em funções.
Infelizmente, a satisfação com o tão aguardado concurso não se prolongou por muito tempo. Este prevê intervenção apenas numa primeira fase do troço entre Sintra e Torres Vedras, ficando por modernizar o troço Torres Vedras-Caldas da Rainha e o troço Caldas da Rainha-Louriçal (Pombal).
Mas a Linha do Oeste não termina no distrito de Lisboa. Assim, a parte da linha que atravessa o distrito de Leiria ficou, uma vez mais, esquecida.
Diariamente, entram na capital do distrito mais de 350 mil carros, com uma grande parte a utilizar o acesso pela A8. Caso o comboio fosse uma opção viável, certamente que existiria um decréscimo significativo de automóveis a circular, o que seria muito favorável não só para a redução do trânsito, mas também de poluição.
Uma maior proximidade entre estes dois distritos, por linha férrea, seria também um excelente incentivo à descentralização, questão essencial para Portugal, atualmente.
Num tempo em que as preocupações ambientais e a descentralização estão no topo da agenda é incompreensível que não se invista no transporte coletivo fora do distrito de Lisboa. Esta é uma causa que não podemos deixar cair.
Presidente da JSD