Liga dos Campeões em Lisboa. Como vai ser?
Lisboa acolhe a final a oito da Liga dos Campeões. A escolha da UEFA recaiu sobre o Estádio da Luz e o Estádio José Alvalade para receber os jogos dos quartos-de-final, das meias-finais e da final da prova europeia. A decisão do organismo que rege o futebol europeu seria um verdadeiro euromilhões para o futebol português, não fosse a pandemia obrigar, para já, a projetar um minitorneio sem adeptos. A final da Champions de 2013-14 teve um impacto económico de 410 milhões de euros, com 70 mil visitantes e 50 mil dormidas em três dias, segundo o Instituto Português de Administração de Marketing. Isto com apenas um jogo e duas equipas. Agora multiplique por sete jogos, oito equipas e 11 dias de futebol num minitorneio na capital portuguesa.
A pandemia colocou o futebol europeu em banho-maria no dia 13 de março e obrigou agora a mudar o formato da prova mais importante de clubes, de forma a ser concluída. O torneio com oito equipas será jogado durante em 11 dias (de 12 a 23 de agosto) na capital portuguesa. A UEFA, tal como o DN avançou já tinha reservados oito hotéis na cidade das sete colinas para hospedar o staff, os árbitros e as oito equipas. Os quartos-de-final serão assim jogados em apenas uma mão, em vez das duas habituais, ao longo de quatro dias seguidos, de 12 a 15 de agosto. As meias-finais serão a 18 e 19 e a final será jogada a 23 de agosto. Os jogos terão transmissão na Eleven Sports e a final será partilhada com a TVI.
Todos os jogos serão às 20.00 portuguesas e as equipas poderão realizar cinco substituições - na próxima época voltam a ser apenas três, como habitual. Os clubes poderão inscrever três novos jogadores na sua lista A para o que resta da Liga dos Campeões 2019-20, desde que esse atletas já pertençam ao clube desde 3 de fevereiro. A lista A continua a poder contar com 25 jogadores.
Os jogos serão divididos pelo Estádio da Luz e pelo Estádio José Alvalade, com a final a ser jogada no recinto do Benfica. O que será a segunda vez que acontece, depois da final de 2013-14, quando o Real Madrid de Ronaldo, Coentrão e Pepe bateu o Atlético. O jogo foi histórico e deixou a Luz ligada a La Décima (a décima Champions) dos merengues. Um jogo emocionante decidido no prolongamento depois de um golo de Sergio Ramos em cima do minuto 90.
No total, Portugal já recebeu 11 finais europeias.
Tudo começou num projeto da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que envolveu os clubes de Lisboa (Benfica e Sporting), a Câmara Municipal de Lisboa, o Governo e até o Presidente da República, que há duas semanas antecipava uma boa notícia para agosto, referindo-se à final da Champions. Não foi preciso esperar até agosto para ter a boa notícia e Marcelo não perdeu tempo nem a oportunidade de parabenizar os envolvidos na iniciativa.
Numa cerimónia em Belém, que contou com o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da autarquia lisboeta, Fernando Medina, o presidente da FPF, Fernando Gomes, o presidente do Sporting, Frederico Varandas, representantes do Benfica, entre outras personalidades, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu aos portugueses pelo seu comportamento durante a pandemia. "Este dia é como a vida das pessoas. Temos dias de tristezas e de alegrias, de passado, presente e futuro. O dia começou com uma evocação triste, a propósito da vítimas dos incêndios, depois teve uma tarde cheia de debates sobre o presente e o futuro, com o orçamento e as decisões da Europa, e termina com uma magnífica notícia para Portugal", começou por dizer o Presidente da República.
"Porque é que o Presidente da República aqui recebe ministros, o presidente da FPF e outras personalidades a propósito de uma grande competição? Já houve finais da Champions em Portugal, mas esta não é mais uma final. Esta é um caso único e irrepetível, não só pelo formato da prova como pelo momento que estamos a viver. Nunca vivemos nada que se comparasse com esta pandemia. Não vivemos nada comparável em termos de fechamento de fronteiras, paragem do turismo em todo o mundo... E é neste clima que vai realizar-se a fase final da Liga dos Campeões em Portugal. Num momento em que todos os países disputam o regresso do turismo internacional, a retoma das suas economias, o afirmarem a sua marca no mundo. A marca Portugal vence, vai afirmar-se durante mais de 8 dias e isso não tem preço, é irrepetível. É uma vez na vida", atirou Marcelo orgulhoso, dizendo ainda que os "portugueses merecem o que vão ter em agosto".
A vitória é de Portugal, mas em especial de Fernando Gomes: "É muito dele. Quem o conhece sabe como tem o prestígio, o respeito e a admiração que valem um corpo de diplomatas ou um exército de especialistas em matéria de relações internacionais. Estamos-lhe muito gratos. Não sabia o que ele podia ganhar mais depois do que tem ganho nos últimos anos. Ganhou mais um desafio e ganhou para Portugal."
Para o presidente da FPF, "quando o país e os portugueses deixam de lado as invejas e lutas estéreis, quando o coletivo entende que ganhar não é solitário, noticias como a de hoje [quarta-feira, 17 de junho] acontecem". Antes, Fernando Gomes tinha enaltecido o comportamento dos portugueses, que possibilitou a aprovação da UEFA. "Receber os jogos decisivos da edição 2019-20 da Liga dos Campeões no nosso país é um acontecimento de um valor extraordinário para Portugal. Os jogos serão vistos por centenas de milhões de pessoas, contribuindo para sublinhar e reforçar a imagem positiva que Portugal deu ao Mundo durante um período que tem sido particularmente difícil e exigente para todos", afirmou em comunicado, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
A iniciativa lusa mereceu ainda elogios do presidente do organismo que rege o futebol europeu. Após a reunião do Comité Executivo da UEFA, Aleksander Ceferin, disse que "a Federação Portuguesa de Futebol foi a primeira a oferecer ajuda" para receber a fase final da Liga dos Campeões de futebol em agosto, numa final a oito. Assim como a Alemanha, que vai receber a Liga Europa, e Espanha, que recebe a final da Champions feminina.
Com um protocolo médico que inclui testes a jogadores e equipas técnicas a ser finalizado "nas próximas semanas", Ceferin garantiu não existir nenhum "plano B" e que a UEFA avalia a evolução da pandemia de covid-19 "dia a dia".
O projeto contou com a colaboração da Câmara Municipal de Lisboa. Fernando Medina reconheceu que se "trata de uma oportunidade única neste contexto que estamos a viver".
"Esta é uma solução de contingência na pandemia que estamos a viver. Lisboa vai ser palco e visionada em todo o mundo nos embates entre as principais equipas europeias e isso é algo de um enorme valor também para a nossa recuperação", afirmou o edil lisboeta ao Canal 11.
Depois de reconhecer o trabalho e o mérito da FPF, Medina foi questionado sobre se está preocupado que a vinda de adeptos possa dar origem o um novo surto de covid-19: "Não temo, porque está acordado com a UEFA e o Estado português que a organização de todo este processo decorrerá no cumprimento das normas de saúde pública exigíveis. A solução será aquela que é mais segura."
A grande mais-valia de receber um prova da dimensão da Champions terá um impacto futuro importante. "Mais do que o turismo imediato que porventura não acontecerá este ano é a projeção internacional da cidade de Lisboa, em que num momento de crise e dificuldades em todo o mundo, esta cidade é capaz de organizar um evento desta dimensão e importância", lembrou Fernando Medina.
A Champions foi interrompida em março, numa altura em que os efeitos do covid-19 já se faziam sentir em alguns países. Jogos como o do Atalanta com o Valência ou o do Atlético de Madrid com o campeão europeu Liverpool foram mesmo apelidados de "bombas atómicas de contágio" e levaram a UEFA a suspender os jogos da segunda mão dos quatro jogos que faltavam jogar. Real Madrid-Manchester City (1-2), Chelsea-Bayern Munique (0-3), Juventus- Lyon (0-1) e Nápoles-Barcelona (1-1).
Os jogos da segunda mão que faltam disputar podem acontecer em Portugal, no Estádio do Dragão (Porto) e no Estádio D. Afonso Henriques (Guimarães), caso os recintos dos respetivos países das quatro equipas que jogam em casa não cumpram as regras sanitárias. Mesmo que isso não agrada às equipas, que terão recusado a ideia inicial de jogar em campo neutro.
Sem equipas portuguesas em competição, estão já apurados para os quartos-de-final o PSG, a Atalanta, o Atlético de Madrid e o RB Leipzig. João Félix é para já o único português garantido na fase final, mas a presença portuguesa será de pelo menos três, uma vez que há dois duelos entre equipas com jogadores portugueses. Ronaldo ainda vai enfrentar Anthony Lopes e Mário Rui ainda vai jogar com Nélson Semedo, Depois há ainda Cancelo e Bernardo Silva no City, com possibilidade de seguirem em frente.
O Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, na Turquia, que receberá a prova em 2021. Já a final de 2022 será realizada em São Petersburgo, Rússia, que devia ser o palco da final de 2021. Em 2023 será no Football Arena (Munique) e em 2024 no Estádio de Wembley (Londres).
Definidas ficaram também as datas da próxima Champions e Liga Europa. A prova milionária de 2020-21 inicia-se a 8 de agosto, com a ronda preliminar. A terceira ronda de qualificação já terá uma equipa portuguesa e joga-se nos dias 15 e 16 de setembro, mas com uma novidade: ao contrário de anos anteriores, esta eliminatória vai jogar-se apenas a uma mão, com o sorteio a definir quem joga em casa. Os playoffs já serão a duas mãos, nos dias 22 e 23 de setembro e 29 e 30 de setembro. A fase de grupos inicia-se a 20 de outubro e termina a 9 de dezembro.
Já Liga Europa começa a 20 de agosto, com a ronda preliminar. A segunda ronda, que terá uma equipa portuguesa em ação (quarto classificado da Liga) joga-se também a uma mão, a 17 de setembro. Uma semana depois joga-se a terceira ronda, que contará com mais uma equipa to portuguesa. Ao contrário da Liga dos Campeões, o playoff da Liga Europa será só a uma mão, no dia 1 de outubro. A fase de grupos inicia-se a 22 de outubro e termina a 10 de dezembro.
Este ano a prova segue o exemplo da Champions e será jogada a uma mão, na Alemanha, a partir de 10 de agosto. As cidades de Duisburgo, Gelsenkirchen, Düsseldorf e Colónia vão acolher a final a oito da prova, com jogos a decorrer entre 10 e 21 de agosto. A final que devia ser em Gdansk será em Colónia, no dia 21. A cidade polaca será a anfitriã da final da Liga Europa de 2021 - a de 2022 será em Sevilha, que iria receber a final de 2021, e a de 2023 em Budapeste.
O Estádio da Dragão perdeu a Supertaça, mas Fernando Gomes já prometeu a Rui Moreira que o Porto receberá uma final europeia até 2026.