Líder do VDD recusa uma coligação com Wilders
A tarefa de Geert Wilders se tornar primeiro-ministro depois da vitória estrondosa do seu PVV nas legislativas dos Países Baixos tornou-se ontem um pouco mais difícil, ao saber que o VDD, atualmente no poder, se recusa a fazer parte de uma coligação com o partido da direita radical com vista a formar governo.
Para conseguir o seu objetivo, Wilders precisa de conseguir o apoio de 76 dos 150 deputados do parlamento neerlandês. Além dos 37 conquistados pelo PVV, poderá já contar virtualmente com os quatro lugares obtidos pelos outros dois partidos da direita radical - FvD e JA21 -, bem como com os sete eleitos do BBB, o partido dos agricultores.
Com a segunda força mais votada, a coligação Trabalhistas/Verdes (25 eleitos) fora de jogo - pois o seu líder, Frans Timmermans já assumiu que será oposição - resta a Wilders tentar obter o apoio do recém-criado NSC, de Pieter Omtzigt, e dos seus 20 deputados. Mas mesmo que consiga este apoio, o líder da direita radical continuaria a precisar do VDD para conseguir uma maioria. E ontem já recebeu a sua resposta.
"Os grandes vencedores são o PVV e o NSC. Após 13 anos, cabe-nos um papel diferente", disse ontem Dilan Yesilgöz, líder do VDD e ainda ministra da Justiça. "Mas tornaremos possível um gabinete de centro-direita. Apoiaremos propostas construtivas, por isso é uma forma de tolerância", acrescentou.
Geert Wilders afirmou ter ficado desapontado com esta decisão. "Isto não torna as coisas mais fáceis. Formar um governo agora pode levar meses", disse. "Espero que mudem de ideias porque governar é melhor do que tolerar".
Pieter Omtzigt também comentou esta decisão, descrevendo-a como uma "medida estranha", já que as legislativas antecipadas desta semana ocorreram depois do colapso do governo do VVD devido à imigração. "Agora ela tem a hipótese de falar sobre isso com Wilders e então diz: "Na verdade, não vamos fazer isso"."
A declaração de Yesilgöz foi feita antes das primeiras negociações oficiais para a formação de uma coligação, que se poderão arrastar por meses. Os líderes dos partidos nomearam o senador do PVV Gom van Strien como "explorador" deste processo. Faz parte das suas funções conversar com os vários partidos, apurando quem está preparado para trabalhar com quem e analisar os números da complexa matemática eleitoral neerlandesa. Como partido mais votado, caberá ao PVV a primeira hipótese de tentar formar governo.
A oposição à possibilidade de um executivo liderado por Geert Wilders também chegou às ruas. Na quinta-feira, realizaram-se manifestações de protesto em cidades como Amesterdão e Utrecht. Também os líderes da comunidade muçulmana neerlandesa já expressaram medo e ansiedade ao pensar em Wilders como primeiro-ministro, mas alguns muçulmanos parecem preparados para lhe dar o benefício da dúvida.
No seu manifesto eleitoral, o PVV defende a proibição das mesquitas e do Alcorão, sendo que Wilders já já disse estar disposto a ceder em algumas das suas ideias mais polémicas. "Um primeiro-ministro tem um papel diferente do líder da oposição", afirmou.
com agências