Líder de Taiwan é "extremista porque é solteira"
Tsai Ing-wen tomou posse na sexta-feira como presidente de Taiwan e nunca escondeu que é solteira. Mas um artigo de opinião publicado agora na agência chinesa Xinhua ataca precisamente o estado civil da líder taiwanesa, acusando-a de ter um "estilo extremista" porque não é casada.
Depois da vitória em janeiro da candidata do Partido Democrático Progressivo (PDP), Taiwan pôs fim a oito anos no poder do presidente Ma Ying-jeou, pró-Pequim. O regresso do PDP ao poder - tendo estado na presidência entre 2000 e 2008 com Chen Shui-bian - é visto como um fator que pode perturbar o diálogo entre Taiwan e a China continental.
Antes de ter sido retirado, o artigo gerou comentários de apoio a Tsai, com os utilizadores de redes sociais em língua chinesa, sobretudo o Weibo, equivalente chinês ao Twitter, a criticarem esta visão discriminatória e sexista do autor
As relações entre Pequim e Taipé têm-se estreitado nos últimos anos e conheceram um momento único quando o presidente cessante de Taiwan, Ma Ying-jeou, e o seu homólogo de Pequim, Xi Jinping, se encontraram em Singapura, em novembro de 2015. O diálogo político entre os dois lados do Estreito de Taiwan conheceu momentos relevantes desde a chegada de Ma Ying-jeou à presidência, em 2008. Foi sob a sua presidência que foram iniciadas as ligações aéreas diretas, assinados acordos de comércio preferencial, intensificando relações que começaram a desenvolver-se desde a chegada de Deng Xiaoping ao poder em Pequim, em 1978.
Em 1948, durante a guerra civil entre o governo do KMT e a guerrilha comunista liderada por Mao Tsé-tung, os primeiros refugiaram-se em Taiwan, mantendo a República da China, fundada em 1912 por Sun Yat-sen, enquanto em Pequim Mao proclamava a RPC. Desde então, esta considera a ilha uma província secessionista. Na atualidade, o PDP, cuja base eleitoral assenta em pessoas já nascidas na ilha, não tem cessado de afirmar a consciência de uma identidade própria entre os cidadãos de Taiwan, cultural, política e social, não dependente de qualquer vínculo com a China continental. Uma atmosfera reforçada com o desaparecimento da geração que se refugiou na ilha no final dos anos 40, com o então presidente Chiang Kai-shek. O que só pode provoca ira entre os governantes de Pequim.
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