'Letra Aberta': Inéditos de Herberto Helder publicados em março

A Porto Editora anunciou esta sexta-feira a publicação de inéditos recolhidos em cadernos do poeta, que morreu em março de 2015. O título é do próprio
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"A Porto Editora vai lançar um livro de poemas inéditos de Herberto Helder, recolhidos dos seus cadernos, onde constava já o título, Letra aberta", lê-se no comunicado divulgado nesta sexta-feira. O livro é publicado em março, quando passa um ano sobre a morte do poeta, aos 84 anos.

"Esta não é a edição crítica que a obra inédita de Herberto Helder merece e que certamente será publicada no futuro, agora que o seu espólio está a ser integralmente digitalizado", afirma a mesma fonte, acrescentando que "se trata de uma escolha realizada pela viúva do poeta, que nos permite uma primeira abordagem à riquíssima 'oficina' a partir da qual Herberto foi construindo o seu 'poema contínuo'".

A Porto Editora informa ainda que chegou a acordo com a editora Tinta da China, para a publicação de toda a obra de Herberto Helder no Brasil.

Herberto Helder morreu no dia 23 de março do ano passado, na sua casa, em Cascais, é recordado pelo meio literário e político como o "mago da palavra", poeta "vulcânico" que se remeteu ao silêncio, mas cuja obra deixa marcas na literatura portuguesa.

Discreto, avesso ao lado mais mundano da vida literária, sobrevivem-lhe mais de cinquenta obras, sobretudo poesia, que o inscrevem no reservado espaço dos maiores poetas de Língua Portuguesa.

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Autor que "fugiu à banalidade", Herberto Helder foi um "mago da palavra" que "tirou magia em tudo que tocava", afirmou no dia da sua morte o catedrático de Literatura Arnaldo Saraiva. Um poeta inovador que criou "uma nova linguagem, que é verdadeiramente mágica e esplendorosa", acrescentou o jornalista José Carlos Vasconcelos.

Nascido na Madeira, em 1930, Herberto Helder viveu quase sempre no continente, desde a adolescência, teve vários ofícios - operário, repórter de guerra, editor, empacotador, bibliotecário - mas o da escrita foi o mais constante, desde que publicou o primeiro livro, O Amor em visita, em 1958.

O crítico Pedro Mexia identifica-lhe uma apropriação da palavra sem desconfianças, ironias ou cinismos e considera-o, por essa força verbal, o maior poeta da segunda metade do século XX, tal como Fernando Pessoa o foi no começo daquele século.

Herberto Helder deu a última entrevista em 1968, recusou o Prémio Pessoa e editou em 2014 o livro A morte sem mestre. Poemas Canhotos, uma edição póstuma de maio de 2015, reuniu os últimos poemas escritos por Herberto.

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Foi "um mestre" para outros escritores, como o poeta Nuno Júdice admitiu, no dia da morte de Herberto Helder, um "poeta tão diferente, tão vulcânico" que mostrou "tudo o que é mágico e inexplicável na poesia", disse por seu turno, o catedrático da Universdade Nova de Lisboa, Fernando Pinto do Amaral.

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