Jurados confrontados com brutalidade da cena do crime
Na bancada das testemunhas esteve Ricardo Yanes, o detetive especialista em cenas de crime que acorreu ao Hotel Intercontinental na noite de 7 de janeiro de 2011, depois de descoberto o corpo de Castro, e quando Seabra estava em fuga, para registar e documentar todas as provas encontradas.
Testemunha da acusação, o detetive da Polícia descreveu uma "cena complexa", com sangue e objetos ensanguentados espalhados pelo chão e paredes da casa de banho, corredor de acesso ao quarto e em torno da cama.
As fotografias do quarto 3416, exibidas em tribunal, mostram o cadáver de Carlos Castro prostrado num canto, junto à janela, com a cara desfigurada por agressões, e a zona genital coberta de sangue e mutilada.
Acusado de homicídio em segundo grau e enfrentando uma pena de prisão de 15 anos a perpétua, Renato Seabra assistiu a tudo atento e impassível, com a mão poisada no queixo, sentado ao lado dos seus advogados.
Escutando através de auriculares a tradução em português da descrição que o detetive da Polícia de Nova Iorque ia fazendo, Seabra trocou algumas vezes impressões com os seus advogados.
Na sala estava também a mãe de Renato Seabra, Odília Pereirinha, e uma das irmãs de Carlos Castro, Maria Amélia, visivelmente chocada com a natureza brutal das imagens.
A familiar da vítima foi sendo consolada por uma prima e por uma ex-assistente pessoal de Castro, que, em conjunto, têm assistido a todas as audiências.
Foram ainda mostradas provas recolhidas da cena do crime, que terão sido usadas pelo homicida nas agressões, como um monitor de computador partido, um saca-rolhas, um copo de vinho partido e uma garrafa de vinho, todos ensanguentados.
Yanes descreveu o quarto como "virado do avesso", com toalhas ensanguentadas e roupa espalhada pelo chão e pela cama, onde também estavam cartões de crédito e os bilhetes de avião que deveriam levar ambos de regresso a Lisboa, dois dias depois do crime.
O regresso tinha sido antecipado por Castro na sequência de violenta discussão com Seabra, na noite de 6 para 7 de janeiro.
A acusação sustenta que foi "raiva, desilusão e frustração" a levar Renato Seabra a matar o colunista social, num processo diretamente ligado ao fim da relação.
A defesa argumenta que foi a doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas.
David Touger, advogado de defesa, procurou que o detetive confirmasse alguns dos pormenores mais violentos da cena do crime e, em frente aos jurados, já no final da sessão, mostrou ainda imagens ampliadas de partes do corpo.
O detetive escusou-se a "especular" se o corpo terá sido arrastado pelo quarto, como alguns vestígios de sangue parecem indicar, limitando-se a dizer que "tudo é possível".
A defesa escuda-se nos relatórios psiquiátricos que identificam problemas mentais em Seabra, atribuíndo-lhe, na altura do crime, "pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar, com caraterísticas psicóticas graves".
A audiência do detetive especialista em cenas de crime irá prosseguir esta tarde, no Supremo Tribunal.