Juncker diz estar confiante de que sucederá a Barroso
"Estou confiante de que serei eleito presidente da Comissão Europeia até julho.No Conselho Europeu, uma larga maioria dos chefes do Estado e Governo democratas-cristãos e socialistas apoiam-me", disse ao jornal alemão, garantindo que vai trabalhar para convencer os que faltam.
"A Europa não deve deixar-se pressionar", disse o ex-presidente do Eurogrupo, numa altura em que se têm multiplicado as notícias sobre a oposição aberta ou as reticências de alguns governantes em relação ao seu nome. Entre eles estarão os líderes do Reino Unido, da Suécia ou da Hungria.
No sábado, a revista alemã 'Der Spiegel' noticiou que, na última cimeira, o primeiro-ministro britânico David Cameron terá ameaçado os seus pares europeus com a antecipação do referendo sobre a permanência britânica na União Europeia, o qual poderia resultar numa vitória do 'Sim' e da saída do país do clube dos 28.
Mas, além de Cameron, do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban e dos suecos, diz hoje o 'Bild' que também o Presidente francês, François Hollande,fez saber esta semana à chanceler alemã, Angela Merkel, que precisa de enviar um sinal forte aos seus eleitores face ao avanço nas eleições europeias da Frente Nacional de Marine Le Pen. "Fez pressão para que haja um programa de investimentos de grande amplitude e colocou em cima da mesa [o nome] do seu antigo ministro das Finanças Pierre Moscovici".
No meio de todas estas notícias, Alexis Tsipras, líder do Syriza grego, que era candidato da Esquerda Europeia à presidência da Comissão Europeia, e Daniel-Cohn Bendit, eurodeputado durante 20 anos e líder dos Verdes no Parlamento Europeu, defenderam que seja dada a Juncker a oportunidade de ser votado na eurocâmara, em nome do respeito pelo resultado das eleições europeias e da democracia na UE.
Para ser aprovado, precisa de uma maioria absoluta de 376 eurodeputados em 751. Nestas europeias, o PPE, grupo político pelo qual Juncker é candidato, elegeu 213 eurodeputados, os Socialistas e Democratas, cujo candidato à liderança da Comissão era Martin Schulz, conseguiram eleger 191. Apesar da vitória, a vantagem é menor do que a que os conservadores europeus têm no Parlamento Europeu cessante.
Além de Juncker, Schulz e Tsipras eram também candidatos à presidência da Comissão Guy Verhofstadt, pelos liberais, José Bové e Ska Keller, pelos Verdes. Participaram em vários debates, realizados em vários países, transmitidos por vários media em diferentes Estados membros, mas mesmo assim a taxa de abstenção nas europeias manteve-se na mesma e foi de 43%.
Segundo o Tratado de Lisboa, à luz do qual é eleito o novo Parlamento Europeu, na hora de escolher um nome para a presidência da Comissão, o Conselho Europeu deve ter em conta o resultado das europeias. Deve. Mas isso não quer dizer que seja obrigado a fazê-lo, como defendem, aliás, algumas vozes na UE.
Na sexta-feira, talvez numa resposta dirigida aos líderes mais reticentes, o porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, Steffen Steibert, fez saber, citado pela AFP, que ela mantém o seu apoio a Juncker. "Conduz todas as discussões no espírito de que Jean-Claude Juncker deve ser o presidente da Comissão", disse Steffen Steibert, depois de Merkel ter sido criticada pelos media alemães por não ter manifestado de forma explícita o seu apoio ao ex-primeiro-ministro do Luxemburgo e ex-presidente do Eurogrupo