Juiz manda libertar idoso que estava a cumprir pena de 505 anos de prisão
"É um milagre!". Foi assim que Juan Carlos Seresi comunicou à filha que iria ser libertado, depois de ter sido condenado a 505 anos de pena de prisão por crimes relacionados com lavagem de dinheiro. Um juiz do Tribunal Distrital dos EUA, Stephen V. Wilson, entendeu que a pena era excessiva e mandou-o libertar "de imediato". Seri estará sujeito, no entanto, a uma liberdade supervisionada durante três anos, de acordo com a ordem do juiz.
A filha de Seresi, Patti Mawer , de 46 anos, disse à CNN que o pai está atrás das grades desde que ela era adolescente, mas que continuou sempre a fazer parte integrante da família. "Depois de toda esta oração e esperança, ele nem consegue acreditar que será libertado", acrescentou Mawer.
Seresi, agora com 73 anos, foi um dos quatro réus condenados a 505 anos em 1991 por lavagem de dinheiro de um cartel de cocaína. Na altura, as sentenças foram consideradas severas e representam o tipo de punição draconiana que desde então foi amplamente criticada a nível nacional, com apelos a uma reforma da justiça americana.
Quando o caso foi levado ao juiz, este entendeu que as condenações dos réus foram suficientemente apoiadas em evidências e depoimentos. E os acusados entraram com um recurso num Tribunal de Apelação, que estava pendente.
Os advogados de Seresi, contudo, entregaram uma ação pedindo a libertação por motivos de compaixão devido à sua idade e ao facto de lhe ter sido diagnosticada hipertensão, que o torna suscetível a complicações graves de covid-19.
A este pedido, o Juiz considerou outras circunstâncias. Seresi, condenado por um crime não violento, já cumpriu mais de 30 anos atrás das grades, obteve três diplomas enquanto esteve detido e tinha um histórico disciplinar quase imaculado.
Seresi tinha sido condenado juntamente com os irmãos Vahe e Nazareth Andonian e Raul Vivas, por ajudar na lavagem de mais de 300 milhões de dólares em dinheiro do cartel de drogas, através de metais preciosos e empresas de câmbio. O homem foi, ainda assim, considerado o menos culpado dos réus pelo juiz que o condenou. Mas mesmo assim na altura não escapou a uma pena de mais de 500 anos.