Juan Guaidó agredido no regresso à Venezuela num voo que partiu de Portugal

O presidente do Parlamento venezuelano já está em Caracas onde chegou de um voo proveniente de Lisboa. À chegada foi agredido por apoiantes do governo de Maduro, enquanto opositores do regime davam vivas ao seu regresso.
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Juan Guaidó, líder da oposição venezuelana, regressou esta terça-feira à Venezuela após uma digressão internacional de 23 dias, em que desafiou a proibição decretada pelo governo de Nicolas Maduro de viajar para o exterior. Guaidó chegou a Caracas num voo proveniente de Lisboa, de acordo com a AFP. Guaidó viajou num voo da TAP rumo a Caracas, onde foi recebido de forma agitada. De um lado, apoiantes de Maduro terão agredido Guaidó, enquanto elementos da oposição saudavam o regresso do seu líder. Os "maduristas" agrediram-no na cara e rasgaram-lhe a camisa, perante a indiferença de agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar).

Não foram adiantados pormenores da escolha de Portugal para ser o ponto de partida para a viagem de regresso ao seu país. O jornal espanhol El Pais diz que a equipa de Guaidó evitou anunciar como iria ser efetuado o regresso para impedir que fosse eventualmente sabotado.

O homem que também preside à Assembleia Nacional e é reconhecido como presidente interino por mais de 50 países anunciou o seu regresso pelo Twitter e foi recebido no Aeroporto Internacional de Caracas, onde aterrou cerca de 21.00 (17.00 em Caracas) proveniente de Portugal.

Os Estados Unidos tinham advertido o governo venezuelano que o presidente do parlamento venezuelano devia poder regressar de forma segura após após o seu périplo internacional que incluiu Washington.

No Twitter, foi divulgado um vídeo que mostra o momento em que Juan Guaidó deixa o aeroporto e é escoltado pela polícia até ao seu carro. Depois, terão acontecido problemas já no exterior do aeroporto, com agressões. Apesar das agressões, e rodeado por 'chavistas', Juan Guaido, conseguiu entrar numa carrinha branca, enquanto a viatura era esmurrada e golpeada com objetos empunhados pelos adversários.

Os simpatizantes do regime agrediram pelo menos sete jornalistas e obrigaram os profissionais da comunicação social a sair do aeroporto. Juan Guaidó dirigiu-se depois para a capital Caracas, onde na Praça Bolívar de Chacao (leste) está convocado um ato político da oposição.

Antes, dezenas de deputados iludiram um bloqueio das forças de segurança e caminharam a pé vários quilómetros até chegarem ao Aeroporto de Maiquetía (a norte de Caracas) onde esperaram a chegada de Juan Guaidó.

Grande pressão em Caracas

A oposição venezuelana denunciou que funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) retiveram e levaram as carrinhas em que se dirigiam ao aeroporto, já à chegada ao Estado de La Guaira, a escassos quilómetros do aeroporto.

Por outro lado, denunciaram também que estão a ser realizados, de maneira supressiva, trabalhos de reparação em um dos túneis a autoestrada que liga Caracas a Maiquetia, provocando congestionamento de trânsito.

"Atenção, o regime de (Nicolás) Maduro, gera bloqueios na via ao Aeroporto Internacional de Maiquetia para impedir que o Corpo Diplomático acuda a receber o presidente (do parlamento) Juan Guaidó", lia-se numa das mensagens divulgadas pelo Centro de Comunicação Nacional, criado pelo parlamento, instituição em que a oposição é maioritária.

Numa outra mensagem, acompanhada por um vídeo, é possível ver os deputados iludindo as forças de segurança e caminhando a pé em direção ao aeroporto.

"Hoje decidimos suspender a sessão (parlamentar) e viemos ao aeroporto para mostrar solidariedade não apenas com Juan Guaidó, mas também com o povo da Venezuela", disse aos jornalistas o vice-presidente do parlamento, o opositor Juan Pablo Guanipa.

O deputado Alexis Paparoni disse aos jornalistas que "é importante que o mundo saiba que Juan Guaidó regressa ao país" e sublinhou que nenhuma barreira impedirá os venezuelanos de lutarem por um novo governo.

"Aqui estamos, os deputados que representam a dignidade, continuaremos a lutar até conseguir o objetivo", acrescentou.

Através das redes sociais vários deputados escreveram mensagens em que dizem que não desistirão e que continuarão em frente, comprometidos com a Venezuela e com Juan Guaidó.

O líder da oposição e presidente do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, regressa à Venezuela, depois de realizar um périplo, iniciado a 19 de janeiro, por Bogotá (Colômbia) e que o levou também a Inglaterra, Suíça, Espanha, Canadá, França e os EUA, onde se reuniu com diferentes governantes e inclusive com o Presidente norte-americano Donald Trump, respetivamente.

Num vídeo distribuído em Caracas, o líder opositor anunciou que regressaria em breve ao país e apelou aos venezuelanos a reativarem as mobilizações populares para derrotarem o Governo do Presidente Nicolás Maduro.

"Regresso à minha pátria com afetos, com o compromisso dos nossos aliados, com ações e medidas que serão executadas e com o apelo ao nosso povo para reativar a luta e a mobilização popular", afirmou Juan Guaidó.

O dirigente da oposição salientou que ainda que durante o périplo testemunhou "fatores, governos e instituições de diferentes estilos, que estão unidos por um compromisso, por uma causa justa: pela Venezuela, pela liberdade".

"Internamente devemos conseguir também isso (compromisso), trabalhar com uma rota clara para derrotar a ditadura, mas, para que isso aconteça, os venezuelanos, dentro e fora do país, devem reativar as mobilizações e fazer-nos sentir com força", defendeu.

Segundo Juan Guaidó, "a ditadura é um perigo para todos no planeta" e é por isso que os seus aliados estão na disposição de aumentar a pressão até ao nível máximo que seja necessário.

A crise venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, quando o líder opositor e presidente do parlamento, Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino da Venezuela até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país.

Os EUA foram o primeiro de mais de 50 países que manifestaram apoio a Juan Guaidó, entre eles Portugal, uma posição tomada no âmbito da União Europeia.

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