Jovens pedem às Nações Unidas mais proteção para as crianças
No primeiro dia da segunda semana (a de todas as decisões) da Cimeira do Clima das Nações Unidas, em Madrid, os protagonistas foram os mais novos, mais uma vez. Jovens de vários continentes pediram, nesta segunda-feira, às Nações Unidas para se concentrarem na proteção das crianças, as principais vítimas das alterações climáticas, numa cerimónia em que nove países assinaram uma resolução nesse sentido.
"Durante muitíssimo tempo houve pouquíssima ação" na defesa do clima, admitiu Michele Bachelet, a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Mas "a incidência" dos jovens "está a ajudar-nos a atuar", acrescentou.
Quase 90% da morbilidade atribuída às alterações climáticas recai sobre menores de 5 anos, segundo dados da UNICEF, entidade responsável pela organização da iniciativa, que juntou jovens ativistas ambientais e cinco ministros, entre eles a ministra espanhola da Educação, Isabel Celaá, e o ministro do Ambiente da Costa Rica, Carlos Manuel Rodríguez.
A declaração, no sentido de que se dê especial atenção às crianças na luta contra as alterações climáticas, foi assinada por Espanha, Mónaco, Luxemburgo, Chile, Fiji, Peru, Nigéria, Costa Rica e Suécia.
Noutro evento diferente, mas com objetivos semelhantes, jovens ativistas deram a sua opinião sobre a forma como estão a ser afetados com as alterações climáticas. Esta conferência de imprensa gerou grande expectativa por ser a primeira intervenção programada de Greta Thunberg - a criadora do movimento Fridays for Future - no âmbito da cimeira do clima. Mas a adolescente sueca desta vez cedeu a palavra a outros jovens.
Greta Thunberg só usou o microfone para se referir às experiências dos povos indígenas, "os mais expostos às alterações climáticas" e que têm de estar "em equilíbrio com a natureza", passando de seguida a palavra.
O representante russo reconheceu que até há pouco tempo os jovens não sabiam nada das alterações climáticas, mas que a realidade das ondas de calor, as tempestades e as inundações os fizeram despertar. "Convidamos os dirigentes de todos os países a fazer o mesmo e a atuar", disse o jovem, explicando que não é ativista pelo seu próprio futuro, mas sim pelo futuro da humanidade.
Já o espanhol Alejandro Martínez insistiu que "a justiça climática se defende escutando os que mais sofrem" e sublinhou que esta é a primeira conferência da ONU sobre o clima (COP), na qual participa o movimento Fridays for Future. Foi criado pela jovem sueca, que no ano passado começou a fazer greve às aulas todas as sextas-feiras, sentando-se em frente ao Parlamento da Suécia a exigir mais medidas para combater as alterações climáticas. Hoje é seguida por milhões de pessoas.
"Enfrentamos a maior crise que existe, nunca tinha havido uma emergência desta magnitude, mas as anteriores crises não as solucionaram os governos, mas as pessoas", avisou. É por isso que nesta sexta-feira "voltaremos a sair às ruas do centro de Madrid e à COP 25 para exigir mais ambição, porque o objetivo de não superar os 1,5 graus no aumento da temperatura global não é atingido com os compromissos atuais", prometeu.