Jovens e a União Europeia: é complicado

Qual é a relação dos jovens com a União Europeia? É uma pergunta pertinente para o terceiro dia da escola de verão da Comissão Europeia em Portugal, o SummerCEmp. A resposta, infelizmente, é difícil de obter.
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Podemos apontar aos Eurobarómetros que nos dizem que os jovens europeus, e os portugueses em particular, são mais apaixonados pela União Europeia que as gerações mais velhas. Podemos também pensar nas diversas oportunidades e programas direcionados para os jovens, desde a oferta do interrail aos 18 anos ao famoso Erasmus. No entanto, quando olhamos à participação eleitoral, o panorama altera-se. Não existem ainda dados para as eleições de 2019, mas as europeias de 2014 tiveram uma participação significativamente menor entre os mais jovens relativamente ao geral da população. O que podemos concluir deste debate?

Uma hipótese possível é uma tese mista: embora o afastamento da política na sociedade inclua também as camadas mais jovens, os jovens mais ativos politicamente têm uma consciência europeia enraizada. Isso explica as variadas campanhas existentes durante as eleições europeias de 2019 que tiveram caras jovens a apelar ao voto, não apenas em Portugal, mas também em toda a Europa. As instituições também têm feito o esforço de aproximação aos mais jovens. As redes sociais permitem novos caminhos, mas tornam os números difíceis de interpretar. Na política, não basta ser seguidor ou dar likes. A política faz-se através de intervenção no processo democrático, seja ela com votos, intervenções públicas, ou até com candidaturas e projetos políticos próprios, sejam eles de génese partidária ou inseridos na sociedade civil. Esta foi uma questão discutida ao final da manhã e o consenso pareceu centrar-se na importância de conciliar todas estas hipóteses.

Encontrar culpados é uma tarefa difícil e, muitas vezes, injusta. As partes têm todas esforços a fazer. Carlos Moedas, comissário europeu, veio falar a meio da tarde. Garantiu que continuará a falar de Europa, e salientou a importância de isso se fazer de forma mais alargada. Fez questão de louvar o mérito de quem se dedica à política e a necessidade de a credibilizar. E deixou a garantia de que não tornará a fazer algo tão bonito em política como o que fez enquanto comissário. Moedas tem um discurso que não esconde as diferenças nacionais entre os europeus, mas que as usa como trunfo para cativar uma juventude que tende a estar mais familiarizada com essa realidade. É, apesar de tudo, a geração Erasmus.

Se há tema que promete unir Europa e jovens é o ambiente. Tema que, por toda a Europa, aparece no topo dos interesses dos eleitores mais jovens. Nestas eleições europeias, os partidos verdes foram os grandes vencedores na metade ocidental da europa, embora continuem a não ter expressão nos estados-membros a leste. Está aqui uma missão política para a União Europeia, e uma que terá com grande probabilidade rostos jovens como líderes.

* Especialista em assuntos europeus, participante no Summer CEmp

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