Jovem exige um milhão de euros à Audi porque airbags falharam

Acidente deixou rapariga de 23 anos com uma incapacidade de 96%. Mãe da lesada avisa: "Não julguem que nos vão dar uma esmola". Advogado da marca afirma-se disposto a negociar
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O aviso foi hoje deixado à Audi pela mãe da jovem que está a processar a marca alemã, após um acidente que a deixou com uma incapacidade de 96%, por alegadamente o sistema de airbags não ter disparado no momento do despiste: "Não julguem que nos vão dar uma esmola", sublinhou Eduarda Rocha, após a audiência preliminar que esta tarde decorreu no Tribunal de Setúbal.

A família reclama uma indemnização de 1,2 milhões de euros e a instituição de uma pensão anual vitalícia de 10 mil euros, bem como uma verba adicional de 406,92 euros mensais para medicação.

Mas foi já à saída sala que o representante da empresa tentou convencer a família a aceitar um acordo, sem avançar valores. "É uma tentativa de resolver o problema. Há abertura negocial da nossa parte", disse aos jornalistas o advogado da Audi, Rui Pena Machete, enquanto Eduarda Rocha prefere ficar à espera da dita proposta.

"Metade daquilo que eu estou a pedir já gastei com tratamentos para a minha filha. Eles que proponham e depois nós analisamos. Se não interessar, vamos para julgamento, porque eu só quero ter condições para poder tomar conta da minha filha", disse a mãe da jovem, que tinha 23 anos quando sofreu o acidente, dia 7 de abril de 2008, próximo de Sesimbra. Ficou com várias lesões graves, incluindo um traumatismo cranioencefálico, que lhe provocou incapacidade motora e multideficiência profunda.

A audiência preliminar que hoje juntou as partes, com porta fechada a jornalistas, serviu para identificar o objeto de litígio e o rol de provas. Mas a juíza não chegou a programar sessões de julgamento, tendo sido dado um prazo de 20 dias à construtora para se defender da acusação, onde se lê que a falha nos airbag se registou ao "nível da unidade de comando do sistema de airbags", por alegado "defeito de construção ou de conceção". A referência tem por base também o relatório pericial. A mesma acusação considera que o defeito no equipamento "integra o facto ilícito gerador dos danos sofridos", sendo imputável à Audi.

A acusação vai mais longe ao sustentar que a marca alemã "conhecia a existência" da deficiência, ocorrida em automóveis idênticos ao que conduzido pela vítima quando se despistou. O processo tinha começado no tribunal de Sesimbra mas passou para Setúbal devido à reforma judicial.

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