Jogada tripla do Sporting a fazer lembrar o mercado que valeu o título em 1999-2000
Um negócio de 16 milhões de euros cozinhado na madrugada de segunda-feira animou o último dia do mercado de inverno. Entre avanços e recuos, Frederico Varandas e António Salvador, que ainda há uma semana se pegaram na Tribuna durante a final da Taça da Liga ganha pelos leões, chegaram a um acordo e Paulinho foi oficializado pelo Sporting no final do dérbi (leões venceram o Benfica na 16.ª jornada da I Liga).
O avançado desejado por Rúben Amorim esperou várias horas num hotel de Lisboa, juntamente com o seu empresário (o antigo internacional Pedro Mendes) pela chamada de Hugo Viana para ir assinar contrato a Alvalade. Em cima da mesa estava um acordo para quatro anos e meio (até 2025) e uma cláusula de opção de 60 milhões de euros. Envolvidos no negócio, Sporar e Cristián Borja aguardavam em Braga pela oficialização para também eles rubricarem os respetivos acordos com os guerreiros. O avançado esloveno por empréstimo, enquanto o defesa colombiano a título definitivo.
A demora deveu-se, claro, a discordâncias financeiras entre os dois clubes. O acordo aconteceu pela hora de jantar. O Sporting paga 16 milhões de euros por 70% do passe de Paulinho, sendo que os minhotos adquirem depois os direitos desportivos de Borja por três milhões e pagam o ordenado até ao fim da época. É uma forma de indemnizar o jogador pela saída, uma vez que o salário que os bracarenses lhe oferecem é inferior ao que ele ganhava em Alvalade. Os leões vão ainda pagar o ordenado de Sporar até ao fim do empréstimo.
Em comunicado os guerreiros explicaram ainda que caso os leões rejeitem uma proposta igual ou superior a 25 milhões de euros pelo avançado de 28 anos terão de indemnizar o clube em pelo menos 7,5 milhões, o equivalente à percentagem que os guerreiros ainda detêm do passe (30%).
É o reforço mais caro da história do Sporting, superando os 12 milhões pagos pelo passe de Bas Dost (2016-17) e os 10, 5 de Marcos Acuña (2017-18).
A novela arrastou-se durante mais de um mês. No início de janeiro Carlos Carvalhal começou por garantir que o jogador não ia a lado algum a não ser que alguém batesse a cláusula de rescisão (30 milhões de euros) e que tinha essa garantia do presidente António Salvador. Depois de muitas notícias sobre o assunto, o treinador bracarense até comparou a novela Paulinho para o Sporting com a do verão, que envolveu Cavani e o Benfica, e lamentou que as notícias aparecessem a cada duelo com o Sporting.
Há dias o discurso mudou e lembrou que era treinador e não fazia negócios. Talvez já conhecedor das negociações que poderiam levar o avançado para Lisboa - o único pedido de Rúben Amorim quando chegou ao Sporting, também ele vindo da Pedreira.
Paulinho nunca jogou fora da área de conforto. Nascido há 28 anos em Barcelos, começou a jogar futebol no Santa Maria antes de se mudar para o Trofense e depois para o Gil Vicente. Desceu de divisão com os galos de Barcelos e chegou a duvidar se ia ser um jogador de topo. A ida para Braga catapultou-o para outros patamares e já foi chamado à seleção nacional por Fernando Santos. O avançado canhoto tem sido fustigado com algumas lesões esta época e contabiliza apenas três golos em 12 jogos. O avançado gosta de "perceber os porquês" das coisas e por isso já tem o Nível I do curso de treinador.
Além de Paulinho, o Sporting fechou ainda mais duas contratações nas últimas hora do mercado. Matheus Reis (Rio Ave) e João Pereira para o lado direito da defesa, para dar algum descanso a Pedro Porro. A menos de um mês de completar 37 anos, o internacional português volta a Alvalade pela terceira vez depois de ali ter estado de 2010 a 2012 e na época 2015-16. A ideia é terminar a carreira no final da temporada e integrar a equipa técnica de Rúben Amorim
Já Matheus Reis deixou o Rio Ave para se juntar ao grupo leonino - Rafael Camacho fez o caminho inverso e foi para Vila do Conde. E por isso é impossível não fazer comparações com o defeso invernal de 1999-2000, época em que o então treinador, Augusto Inácio, recebeu três prendas - César Prates (lateral direito), André Cruz (defesa-central) e Mbo Mpenza (avançado) - e acabou com um jejum de 18 anos sem títulos.
Agora, 21 anos depois, Rúben Amorim também recebe três prendas na esperança que sirvam o mesmo propósito. Os leões lideram a I Liga e sonham com o campeonato que lhes foge há 19 anos (desde 2001-02).
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Se não fosse pelo último dia ninguém diria que o mercado de transferências de inverno estava aberto. E tirando o Sporting ninguém contratou qualquer reforço de peso. O Benfica já tinha assegurado o central do Santos, Lucas Veríssimo, que ontem rescindiu com o clube brasileiro.
O central foi inscrito na Liga Portugal com o número 4, a camisola que durante muitos anos foi de Luisão. O brasileiro deve chegar a Lisboa na quarta feira para se juntar ao plantel encarnado. Já o argentino Germán Conti não arranjou colocação e também foi inscrito pelo Benfica.
Como resultado da chegada de Lucas Veríssimo, o central desejado por Jorge Jesus, Ferro foi emprestado ao Valência e Todibo seguiu para França para jogar no Nice. Já Gedson Fernandes trocou o Tottenham, onde pouco jogava, pelo Galatasaray para novo empréstimo. O jogador ligado ao Benfica está com covid-19 e viajou em avião ambulância para Istambul.
Quase sem excedentários para colocar ou empréstimos para renovar, o FC Porto viu passar o mercado sem fazer grandes negócios, alem da saída de Nakajima para o Al Ain, resolvida há duas semanas.
O Sp. Braga é rei do mercado à boleia do Sporting e de Paulinho e podia ter feito ainda mais um negócio e para um grande europeu. O clube minhoto recusou uma oferta do Liverpool pelo jovem defesa-central David Carmo e avisou que o negócio só se faria pelos 40 milhões de euros da cláusula de rescisão. O preço assustou os reds que foram buscar Ben Davis ao Preston North End.
Houve ainda tempo para uma devolução. O Desp. Chaves informou que o Juninho iria ser reintegrado no plantel, depois da transferência falhada para o Bessa. O avançado foi apresentado no Boavista a 21 de janeiro, mas a transferência foi abortada e só será consumada a 1 de julho, uma vez que os axadrezados estão impedidos de inscrever jogadores.
No banco também houve mudanças. Jorge Silas foi oficializado pelo Famalicão, depois da saída de João Pedro Sousa. O ex-técnico do Sporting assinou um contrato válido até 2022. Já Jorge Costa substituiu Sérgio Vieira no Farense. Vítor Pereira, que recentemente abandonou o futebol chinês, está a ser apontado ao São Paulo, do Brasil.