Jaime Gama alerta para falta de meios nas secretas

O primeiro-ministro faltou à sessão de abertura, mas o ex-super-espião. Jorge Silva Carvalho, apareceu de surpresa e ouviu o ministro da Presidência a falar na importância da "colaboração" das secretas com as empresas privadas.
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O ex-presidente da Assembleia da República e 'senador' do PS, Jaime Gama, considera que os serviços de informações não têm, atualmente, os meios necessários para fazer face ao conjunto de ameaças à segurança que têm de enfrentar. Para Jaime Gama, que falava na abertura da conferência "As informações como instrumento da Ação Estratégica do Estado", que decorre na Universidade Nova de Lisboa, existe um "paradoxo" entre a necessidade de "ação" que as novas ameaças exigem e um "desguarnecimento em relação a tudo o que é a ação do Estado". O ex-governante socialista salientou a necessidade de, perante evolução das ameaças haver "uma maior sofisticação de meios e um maior grau de exigência" nos serviços de informações, objetivo esse contrariado por conjunto de "factores", entre os quais, os "constrangimentos orçamentais, a pressão da reforma da dimensão da Administração Pública" ou, "encerramento das antenas" das secretas no estrangeiro" e a "impedimento de os serviços de informações realizarem interceções de comunicações".

Outra perceção da realidade demonstraram ter, quer o secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira, quer o ex-diretor do Serviços de Informações de Segurança (SIS) e ex-ministro da Administração Interna do Governo de José Sócrates, Rui Pereira. Para Júlio Pereira as secretas "têm tido um papel de inquestionável valia" na defesa do interesse do Estado. Para Rui Pereira, os serviços de informações estão hoje "preparados com os meios materiais e humanos para cumprir a sua missão". Ainda assim, Rui Pereira, não deixou de questionar que "papel tiveram" estes serviços "nos casos BPN, BPP e BES" na informação que prestaram ao poder político.

Mas o 'acontecimento' desta conferência acabou por ser a chegada, inesperada, do ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED). Acompanhado pelo seu advogado, João Medeiros, que o defende das acusações de que alvo no caso das secretas (violação do segredo de Estado, abuso de poder e acesso ilegal a dados pessoais), não quis fazer declarações, mas sentou-se a plateia a tempo de ouvir o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, em substituição de Pedro Passos Coelho, a falar de um tema que lhe é oportuno. Para Marques Guedes entende que "é preciso desmistificar tabus sobre as capacidades dos serviços de informações", defendendo a sua "abertura a uma colaboração com a comunidade empresarial", no âmbito da "internacionalização da economia", como um "instrumento estratégico determinante na construção de cenários de competitividade".

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