Israelistas e palestinianos em plena sintonia. Na ficção

"Fauda" é o nome da mais recente história israelita de televisão. Uma trama que, no pequeno ecrã, opõe os dois povos do Médio Oriente, mas que, na realidade, é elogiada por ambos
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Abu Ahmed (Hiatham Suleiman) é um dos líderes do Hamas procurados pelos serviços secretos de Israel pelo assassínio de 116 pessoas. Doron Kavillio (Lior Raz) é um dos chefes dos Mistaravim, organização do país do Médio Oriente especializada em infiltrar os seus membros no mundo árabe para identificar e capturar terroristas. É o típico jogo do gato e do rato entre estas duas personagens - e aquelas que giram à sua volta - que está na base de uma nova série israelita. Chama-se Fauda - que é como quem diz "caos", em árabe - e já conquistou os espectadores. Os palestinianos e os israelitas.

"Foi uma surpresa descobrir como os espectadores israelitas se apaixonaram por um terrorista do Hamas", disse o cocriador da série, o jornalista Avi Issacharoff. "Estarem preocupados com as personagens [árabes] de Abu Ahmed e de Walid foi divertido e surpreendente", adiantou. As audiências de Fauda, emitida pelo canal por satélite YES, foram tão boas que a estação decidiu renovar a série por mais uma temporada. Uma prova de confiança que o jornalista, especializado em temas palestinianos, e o protagonista e também argumentista Lior Raz encaram com bons olhos. "Não sabíamos que podia haver uma continuação, por isso é que a primeira época [de 12 episódios] terminou com uma espécie de conclusão da trama", explicou Issacharoff.

A aceitação do público foi um fator decisivo. "Dizem-nos que é imparcial. Pensava que ia receber muitas críticas [do lado dos israelitas], mas aconteceu o contrário", recorda, lembrando o momento em que a figura de Abu Ahmed envia a mulher para um local público em Telavive para se fazer explodir e, depois, durante a noite, quando está na sua cama, chora com saudades dela e dos filhos. "Há muito tempo que queria escrever uma série sobre o dia-a-dia no terreno, mas só há cinco anos é que comecei a entender o que se passa realmente de uma forma mais séria", acrescentou Issacharoff em declarações ao jornal espanhol El Mundo, afirmando ainda que acredita que o sucesso de Fauda se deve ao facto de "o conflito israelo-palestiniano afetar todos", mas também por causa dos "relatos humanos das personagens da série".

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