Ao ouvir Isabel Riscado e Carmo Ornelas falar do cancro do colo do útero e do vírus que o provoca Carla Rocha teve dúvidas sobre se valia a pena fazer o rastreio do papilomavírus humano (VPH, ou HPV, sigla em inglês) . ."Perdi a minha filha com um deslocamento da placenta e tiraram-me parte do útero", explica a jovem de 32 anos. Por isso foi perguntar às especialistas do Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO) se teria de fazer o exame. "Disseram-me que não preciso de o fazer com tanta frequência.".A pergunta surgiu na sessão de esclarecimento que o IPO fez ontem na cadeia de Santa Cruz do Bispo, Matosinhos. Uma acção que assinalou o segundo aniversário da introdução da vacina contra o VPH no Plano Nacional de Vacinação. "Já tinha ouvido falar na doença, mas aprendi mais", confessou Paula Costa. "Falar de prevenção é sempre útil para todas as idades", explicava Isabel Riscado, especialista em ginecologia no IPO, recordando que o VPH afectará cerca de 80% das mulheres. Mas "só 20% terão uma infecção persistente e só 1% vai evoluir para cancro"..Na cadeia há consultas de ginecologia. As reclusas sabem agora que devem estar alerta a "hemorragias vaginais anómalas ou corrimentos anormais". Os números são preocupantes. Isabel Riscado diz que em 2000 "foram detectados 956 casos de cancro invasivo do colo do útero" e em 2002 "morreram 372 mulheres".