"Intimidação" a André Villas-Boas sobe de tom e já é caso de polícia
André Villas-Boas confirmou ter sido vítimas de "atos de intimidação", pedindo às autoridades que se empenhem na "resolução dos incidentes" de que tem sido alvo desde que admitiu candidatar-se à presidência do FC Porto.
Na madrugada de hoje, menos de três horas depois de Pinto da Costa, líder dos dragões, ter dado uma entrevista à SIC na qual se mostrou "admirado" pela anunciada candidatura rival, a polícia foi chamada por duas vezes à zona onde mora o antigo treinador portista. Primeiro devido ao rebentamento de petardos e depois devido a agressões a uma pessoa e ao roubo de uma viatura, o que motivou a entrada em cena da Direção de Investigação Criminal (DIC), encarregue agora de investigar o caso.
Segundo Villas-Boas um colaborador seu "foi violentamente agredido por desconhecidos e viu-lhe serem furtados alguns bens, incluindo a sua viatura". A PSP confirmou a ocorrência ao DN e esclareceu que o homem, na casa dos 60 anos, foi assistido no local e transportado depois para o Hospital de Santo António para receber tratamento aos ferimentos.
A residência, segundo Villas-Boas, "foi alvo de atos de violência e vandalismo", pela segunda vez no espaço de um mês. Já no dia 31 de outubro, as paredes da casa do ex-técnico do FC Porto foram alvo inscrições que diziam "AVB traidor". "Lamentavelmente os atos de intimidação, vandalismo e violência continuam e peço às autoridades a empenhada cooperação na resolução destes incidentes", pediu o treinador que levou dragões à conquista da Liga Europa em 2011.
Jorge Costa, antigo capitão portista, comentou a publicação de André Villas-Boas nas redes sociais. "Mais do mesmo... Contigo André!", escreveu o atual treinador do AVS, da II Liga, mostrando-se solidário com o técnico, tal como o antigo guarda-redes Iker Casillas, que escreveu: "Forte abraço, André Villas-Boas. Não pode ser! Stop à violência."
Os incidentes a envolver Villas-Boas começaram depois de anunciar a intenção de se candidatar à presidência do clube e agravaram -se depois dele dizer que a ida a votos em 2024 é uma "mera formalidade". Resta saber como irá proceder a partir de agora e se o clima hostil continuar.
Também Nuno Lobo já anunciou que irá candidatar-se ao lugar que é de Pinto da Costa desde 1982 e, ao DN, garantiu que, "até à data", não foi alvo de qualquer ameaça, ao contrário que aconteceu em 2020, quando se candidatou e recolheu 4,91% dos votos, atrás de Pinto da Costa e José Fernando Rio. "Sofri várias ameaças veladas e algumas intimidações, inclusive na presença do meu filho", recordou o empresário.
Para o candidato "nada desculpa este clima de intimidação constante" em redor de um sócio do clube, embora considere que o "putativo candidato", como apelida André Villas-Boas, exagerou na linguagem usada quando disse que os agressores envolvidos nos desacatos na Assembleia Geral pertenciam a uma "guarda pretoriana".
Nuno Lobo atribuiu ainda culpas à comunicação social, que, de alguma forma, tem alimentado o mediatismo da "putativa candidatura" de Villas-Boas em detrimento da sua "até já reconhecida" por Pinto da Costa, que também revelou a ida a votos para um 17.º mandato consecutivo. E diz que é preciso separar o nome do FC Porto das ações de "alguns animais que não respeitam as mais básicas regras de civismo".
Por isso, diz mesmo que não acredita que os autores dos desacatos sejam sócios. Quanto à entrevista de Pinto da Costa à SIC, disse ter tido coisas positivas, tendo ainda em sua opinião, sossegado os portistas nas questões financeiras, mas diz que devia ter começado por um "pedido de desculpas aos sócios" agredidos e "aos que sentiram vergonha alheia" do que lá se passou.
A Assembleia Geral do FC Porto de 13 de outubro devia ter sido votada uma mudança estatutária relevante e com impacto no próximo ato eleitoral, que terá de realizar-se em 2024, mas ficou marcada por tumultos e agressões, sendo inicialmente suspensa por falta de condições de segurança e depois reagendada, antes de ser cancelada. O Conselho Superior retirou entretanto as propostas a votação e assim se evitou uma nova reunião magna, num momento tão conturbado.
isaura.almeida@dn.pt