INEM instaura processos disciplinares na sequência da morte de Carlos Amaral Dias
Desde o momento em que o INEM foi chamado até à chegada da equipa de emergência à casa do psicanalista Carlos Amaral Dias passaram duas horas, segundo a família do professor, que viria a morrer na ambulância a caminho do hospital. Depois de um inquérito, aberto no dia seguinte, à assistência prestada a 3 de dezembro, o INEM decidiu aplicar processos disciplinares a dois trabalhadores e aos Bombeiros Voluntários do Beato e da Penha de França.
Existiram "situações anómalas durante a assistência ao doente, nomeadamente o facto de durante cerca de uma hora, o CODU e o Dispositivo Integrado e Permanente de Emergência Pré-Hospitalar de Lisboa (DIPEPH) não terem recebido qualquer informação sobre a ocorrência", declarou o INEM em comunicado, esta sexta-feira.
Além dos dois funcionários, o Conselho Diretivo do INEM determinou a instauração de outros dois processos de contraordenação à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Beato e da Penha de França "um por incumprimento do Decreto-Lei n.º 188/2009, de 12 de agosto; e outro por incumprimento do Regulamento do Transporte de Doentes (RTD), aprovado pela Portaria n.º 260/2014, de 14 de dezembro, na sua versão atual".
O relatório final sobre este caso será agora entregue à Inspeção Geral das Atividades em Saúde, à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e ao Ministério da Saúde.
O INEM compromete-se ainda a "reforçar a oferta formativa destinada aos Corpos de Bombeiros e Cruz Vermelha Portuguesa, seus parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM)", indicam. E promete não ficar por aqui, depois da análise das autoridades acima mencionadas. Sendo que, esclarecem, esta foi uma "exceção aos cuidados que o Instituto e os seus parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica garantem aos mais de três milhares de vítimas de acidente e de doença súbita que são assistidas diariamente".
Nascido em Coimbra, a 26 de agosto de 1946, Carlos Amaral Dias era professor catedrático da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, escola em que se doutorou após a licenciatura em Medicina, com especialização em Psiquiatria. Foi presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e vice-presidente da Academia Internacional de Psicologia. Tinha 74 anos.