Costa diz que autarcas são os "primeiros responsáveis pela proteção civil"

[Em atualização] António Costa respondeu às críticas sobre a prevenção dos incêndios. Espanha disponibilizou dois aviões para operar em Vila de Rei e três dos seis Kamov que se encontravam em manutenção receberam autorização para voar. ​​​​​​Desde as 15.30 houve vários reacendimentos de incêndios.
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Os autarcas são os "primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho", disse esta segunda-feira à tarde o primeiro-ministro, António Costa, ao responder a críticas como a do vice-presidente da Câmara de Vila de Rei sobre a prevenção dos incêndios.

"Eu não faço comentário enquanto os incêndios e as operações estão a decorrere, sobretudo, não digo aos que são os primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho, que são os autarcas, o que é que devem fazer para prevenir, através da boa gestão do seu território, os riscos de incêndio", disse o primeiro-ministro.

Vários dos incêndios que se encontravam dominados tiveram, a partir das 15.30 desta tarde, reacendimentos. Num deles, em Mação, um bombeiro ficou ferido, sem gravidade. O calor acentuado, e rajadas de vento superiores a 35 quilómetros por hora, dificultaram o trabalho dos bombeiros que, horas antes, tinham dominado as frentes mais ativas em Vila de Rei e Mação.

Espanha envia dois aviões. Três Kamov autorizados a voar

A única boa notícia para os bombeiros, nesta tarde, é a da autorização, concedida pela Agência Nacional de Aviação Civil, para a utilização de três dos seis helicópteros pesados Kamov - dos seis que se encontravam parados para manutenção há mais de um ano.

A autorização da ANAC foi dada depois de a empresa Heliportugal, que é quem vai operar os Kamov, ter enviado hoje os restantes documentos que estavam em falta.

Este anúncio surge um dia depois de uma denúncia do deputado do PSD, Duarte Marques, que, na SIC Notícias, criticou o facto de haver seis helicópteros parados num heliporto, no norte do país. O deputado considerou que a situação é uma "vergonha", dado que um dos helicópteros deveria estar desde 1 de julho disponível em Ferreira de Zêzere, a cerca 18 quilómetros de Vila de Rei, um dos concelhos mais afetados pelos incêndios recentes.

Além da autorização para utilizar os Kamov, os bombeiros podem contar também com dois aviões de Espanha. O Governo "solicitou assistência bilateral a Espanha", que disponibilizou "de imediato dois aviões pesados anfíbios, que deverão operar no incêndio de Vila de Rei já esta tarde", segundo relata uma nota oficial do ministério da Administração Interna.

Duas casas arderam

Duas casas de primeira habitação arderam em Mação, na sequência do incêndio que começou no sábado em Vila de Rei e que se alastrou para este concelho. ​​​​​"Temos a confirmação de duas casas de primeira habitação ardidas, em Azinhal e Roda de Cardigos, e temos também algumas situações que ainda estamos a avaliar, que eram casas de segunda habitação, casas já com alguma degradação. Temos vários anexos que estão também ardidos", disse o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela.

Segundo o autarca, já estão no terreno elementos da Segurança Social e técnicas do Serviço de Ação Social da Câmara Municipal de Mação, que "vão começar a rastrear toda a zona" no sentido de esclarecer bem todas as situações e "também falar com as populações e perceber melhor as necessidades".

De acordo com o presidente da autarquia, "há duas pessoas desalojadas, que estão [acolhidas] na Santa Casa da Misericórdia de Cardigos, precisamente porque não têm as suas habitações, que foram destruídas pelos incêndios".

A Proteção Civil referiu que às 13:00 a frente de Vila de Rei era a que que suscitava maior preocupação. No ponto de situação, realizado ao início desta tarde, o comandante do Agrupamento Distrital do Centro Norte, Pedro Nunes, afirmou que os meios existentes no terreno são os mais adequados.

Quando questionado sobre eventuais falhas no sistema de comunicação, o responsável afirmou que uma equipa está em permanência a monitorizar o SIRESP e que, até ao momento, "não há registo de nenhuma falha".

Neste ponto de situação, foi revelado que há agora 12 feridos, entre os quais um bombeiro e um elemento do INEM.

Às 13:44, o site da Proteção Civil indicava que estavam no terreno 1039 operacionais, apoiados por 327 viaturas e 10 meios aéreos.

O responsável reforçou a preocupação manifestada no primeiro briefing desta segunda-feira quando referiu as condições climatéricas adversas previstas para o período da tarde.

Às 08:00, a Proteção Civil referia que o incêndio que começou no sábado em Vila de Rei, e que se estendeu para Mação, estava "estabilizado" e que as duas frentes "90% dominadas". As condições climatéricas previstas para a tarde desta segunda-feira estavam, no entanto, a preocupar as autoridades. "Vamos ter um dia muito difícil pela frente", afirmou o comandante do Agrupamento Distrital do Centro Norte, Pedro Nunes.

Estão previstas rajadas de vento de 35 quilómetros por hora, o que poderá dificultar o trabalho dos bombeiros durante esta tarde. Para o comandante Pedro Nunes, é importante fechar o perímetro com as máquinas de rasto de modo a prevenir reativações.

De acordo com o responsável, "há 10% ainda de território inserido nas frentes que carece ainda de muita atenção por ter chama. Os trabalhos continuam conforme planeados". O efetivo mantém-se com mais de mil operacionais no terreno que têm estado a ser "refrescados".

Pedro Nunes contou que durante a noite houve "um esforço concertado" no combate, com o apoio de máquinas de rastro. O comandante referiu que as frentes do incêndio "são pontos quentes com chama contínua, numa altura de 20, 30 metros, em zonas de muito difícil acesso".

Prevendo "um dia difícil", o comandante afirmou que, durante a manhã vai ser feito um esforço para "maximizar o tempo para percorrer a maior quantidade de território possível com máquinas de rasto para tapar as linhas de fogo".

Assim, ao longo do dia, o combate vai ter "dois tempos", o da manhã, com vento de leste fraco e a preocupação colocada no "flanco direito" das duas frentes de fogo, uma no concelho de Vila de Rei e outra no de Mação.

Plano B para o caso da situação se agravar

A Proteção Civil afirmou ainda que "não há casas em risco", mas admitiu que há ainda muito trabalho pela frente, uma vez que as condições climatéricas vão agravar-se durante esta tarde.

O comandante Pedro Nunes garantiu que existe um plano B caso a rotação e a intensidade do vento prevista para o período da tarde agrave a situação. Se tal acontecer, as povoações em risco serão as de Chaveira, Chaveirinha, Casais de São Bento, Vale da Urra e Amêndoa.

São esperados no teatro das operações quatro pelotões de rescaldo das Forças Armadas.

Questionado sobre o número de casas afetadas, Pedro Nunes afirmou que o levantamento será feito durante a manhã de hoje pelos serviços municipais, não tendo a Segurança Social, até ao momento, registo de pessoas desalojadas.

Vários incêndios deflagraram no distrito de Castelo Branco ao início da tarde de sábado. Dois com origem na Sertã e um em Vila de Rei assumiram maiores dimensões, tendo este último alastrado, ainda no sábado, ao concelho de Mação, distrito de Santarém.

O incêndio de Vila de Rei e Mação é o único que continua por controlar e tem mobilizado várias centenas de operacionais e de meios de combate.

Um civil ficou ferido com gravidade neste incêndio e está internado no hospital de São José, em Lisboa.

As chamas também já atingiram habitações, num número ainda não quantificado pelas autoridades, depois de durante a tarde de domingo as chamas terem ameaçado dezenas de aldeias, segundo autarcas.

Outro fogo, em curso no concelho de Penedono, foi dado como dominado às 02:45, disse à Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu.

Governo avalia prejuízos

O Governo anunciou hoje que os serviços do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural já estão nas zonas atingidas pelos incêndios nos distritos de Castelo Branco e Santarém, para fazer o levantamento dos prejuízos sofridos em explorações agrícolas.

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