HRW pede a Guterres que fale em Pequim contra repressão de minoria muçulmana

A organização Human Rights Watch (HRW) exortou o secretário-geral das Nações Unidas a denunciar publicamente, em Pequim, a detenção arbitrária de um milhão de muçulmanos em campos de internamento na China.
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António Guterres encontra-se na capital chinesa para o segundo Fórum "Uma Faixa, Uma Rota", no qual participam os líderes de 37 países e regiões, incluindo o Presidente da República português.

Numa carta aberta ao líder da ONU, a organização não-governamental (ONG) lamenta o "silêncio" de Guterres sobre a "deterioração dos direitos humanos em Xinjiang, onde uigures e outros muçulmanos turcófonos estão detidos indefinidamente em campos de educação".

De acordo com a ONG, importantes vozes dentro das Nações Unidas têm "repetidamente insistido e manifestado preocupação" com este assunto, ao passo que a contestação do líder tem sido insuficiente.

"O silêncio público de Guterres envia, ainda que de forma inadvertida, a mensagem de que a segurança e o bem-estar dos muçulmanos na China não são das principais preocupações da ONU", aponta a HRW.

Neste sentido, António Guterres deve apelar ao Presidente chinês, Xi Jinping, "que feche os campos de 'educação política' na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país.

Além disso, deve encorajar o líder chinês, em público e em privado, "a permitir a liberdade de expressão, associação e movimento, e a respeitar os direitos humanos de todos, no país e no exterior".

António Guterres elogiou esta sexta-feira a iniciativa chinesa "Uma Faixa, Uma Rota", considerando que ajudará muitos países a alcançarem os seus objetivos de desenvolvimento sustentável, instando-os a "aproveitar bem" as oportunidades.

Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigure, em campos de doutrinação política, na região de Xinjiang.

Antigos detidos relataram maus tratos e violência, e afirmam terem sido forçados a criticar o islão e a sua própria cultura, e a jurar lealdade ao Partido Comunista.

Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora que se trata de centros de "formação vocacional", destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo "moderno e civilizado", e eliminar a pobreza no Xinjiang.

Desde que, em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, a China tem levado a cabo uma agressiva política de policiamento dos uigures.

O Governo chinês considera que a repressão é necessária para combater o separatismo e o extremismo islâmico, enquanto ativistas uigures afirmam que serve apenas para alimentar as tensões.

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