Homem morre após embater o carro contra portão da embaixada da Rússia na Roménia

Há dois dias o homem que conduzia a viatura escreveu no Facebook: "Todos deveriam considerar-se ucranianos até que esta guerra horrível termine." Russos garantem que foi premeditado.
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Um homem morreu na madrugada desta quarta-feira após embater o seu carro contra o portão da embaixada da Rússia em Bucareste, capital da Roménia. A viatura explodiu, tendo o motorista morrido, de acordo com informações da polícia local.

O automóvel embateu no portão por volta das 6.00 locais [4.00 em Lisboa], mas não entrou no complexo da embaixada em Bucareste, segundo as autoridades.

Um vídeo, entretanto divulgado, mostrou um carro envolto em chamas, enquanto os seguranças corriam próximo do local.

Segundo a polícia, os bombeiros que chegaram ao local conseguiram apagar o fogo.

"Até agora não podemos dizer que este ato esteja vinculado a algo mais que as circunstâncias pessoais do motorista", disse o procurador romeno Bogdan Staicu, citado pela AFP.

Por sua vez, a embaixada da Rússia em Bucareste disse à Associated Press, via telefone, que ainda não podia fornecer quaisquer detalhes.

A imprensa romena revelou entretanto que o homem era diretor de uma ONG de defesa dos pais e que na terça-feira foi condenado a 15 anos de prisão por abuso sexual contra sua filha menor de idade.

Na sua última publicação no Facebook, há dois dias, o homem escreveu: "Eu também sou ucraniano. Todos deveriam considerar-se ucranianos até que esta guerra horrível termine."

O Comitê de Investigação da Rússia, responsável por inquéritos de crimes graves, afirmou que "foi comunicado que não foi um acidente, mas sim um incidente planeado contra a representação russa".

A Roménia, que partilha uma longa fronteira terrestre com a Ucrânia, recebeu mais de 600 mil refugiados desde que a Rússia invadiu o país vizinho.

Desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro, manifestantes têm-se concentrado do lado de fora da embaixada da Rússia na capital para condenar a agressão russa. Na terça-feira, a Roménia ordenou a expulsão de 10 diplomatas da embaixada, após uma série de expulsões de autoridades russas em 27 países da União Europeia.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Roménia disse que as ações de 10 funcionários da embaixada, que foram declaradas persona non grata, "contrariam as disposições da Convenção de Viena de 1961 sobre Relações Diplomáticas".

O incidente na embaixada russa em Bucareste ocorre dias depois de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se ter dirigido ao parlamento da Roménia, na segunda-feira, quando classificou o assassinato de civis na cidade de Bucha como um "crime de guerra" e pediu sanções mais duras contra a Rússia.

Antes do discurso de Zelensky, o presidente da Câmara dos Deputados da Roménia, Marcel Ciolacu, disse que as "imagens horríveis" que surgiram depois de as tropas russas terem saído de Bucha "sobrecarregaram e revoltaram todos".

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