Obama visita Hiroshima mas não vai pedir desculpa pela bomba atómica
O presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, vai fazer uma visita histórica a Hiroshima durante uma viagem à Ásia, agendada para o final do mês de maio, confirmou a Casa Branca esta terça-feira. Obama não irá, porém, pedir desculpa no local pelo lançamento da bomba atómica sobre a cidade, a 6 de agosto de 1945. O bombardeamento dos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki acabou por determinar a capitulação do Japão e o final da Segunda Grande Guerra Mundial.
Nos EUA, várias vozes se levantaram contra uma eventual passagem de Obama pelo memorial de Hiroshima, alegando que a visita do presidente poderia ser entendida como um pedido de desculpa. Obama "irá sublinhar o seu compromisso continuado para manter a paz e a segurança sem armas nucleares", informou a Casa Branca em comunicado, mas não "irá revisitar a decisão de usar a bomba atómica" no final da guerra, acrescentou o conselheiro adjunto de Segurança Nacional, Ben Rhodes, numa segunda declaração. "Em vez disso, irá oferecer uma perspetiva do que está para vir, focada no nosso futuro partilhado", indicou Rhodes.
Segundo a agência Reuters, Obama irá visitar Hiroshima acompanhado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
A viagem de Obama ao Vietname e Japão irá realizar-se entre os dias 21 e 28 de maio e será a décima viagem do presidente norte-americano à Ásia.
O diário japonês Nikkei já tinha noticiado, em abril, que Obama iria visitar a cidade japonesa arrasada pela bomba atómica norte-americana, após a cimeira de líderes do G7 que se realiza a 26 e 27 de maio no Japão.
A visita de Obama terá uma enorme importância simbólica: será a primeira visita que um chefe de Estado norte-americano faz a uma das duas cidades japonesas arrasadas pelos Estados Unidos com o lançamento de duas bombas atómicas, que ditaram o fim da Segunda Guerra mundial.
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A 11 de abril, o secretário de Estado norte-americano John Kerry esteve em Hiroshima, onde visitou o memorial e o museu dedicados ao bombardeamento da cidade em 1945. Kerry, que participava então na cimeira de chefes da diplomacia do G7, foi até agora o mais alto representante oficial norte-americano a prestar homenagem no local onde os Estados Unidos levaram a cabo o primeiro ataque nuclear e o mais devastador da história da humanidade.
O Nikkei escrevia já no mês passado que Obama - que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2009 em resultado do seu apelo a um mundo livre de armas nucleares - deverá fazer em Hiroshima um discurso sobre a abolição do poder militar nuclear. Na altura, a notícia da visita de Obama foi alvo de um desmentido por parte do governo japonês e não mereceu qualquer comentário oficial da Casa Branca.
A especulação de que Obama se preparava para visitar Hiroshima intensificou-se desde que Kerry declarou, no local, que toda a gente deveria visitar a cidade. Espero que um dia o presidente dos Estados Unidos esteja entre todos aqueles que deveriam vir aqui", afirmou.
Uma sondagem publicada esta terça-feira pela emissora pública japonesa NHK revelou que 70% dos japoneses gostariam que o presidente norte-americano visitasse Hiroshima .
Cerca de 140 mil pessoas morreram em resultado direto da explosão nuclear no dia 6 de agosto de 1945 em Hiroshima, ou mais tarde por efeitos da exposição severa às radiações. A cidade, que albergava uma importante instalação militar durante a guerra, foi arrasada pela detonação. O bombardeamento atómico de Nagasaki ocorreu três dias depois, matando mais 74 mil pessoas. O Japão rendeu-se uma semana depois, colocando um ponto final à Segunda Guerra mundial.