A transmissão do novo coronavírus dá-se sobretudo nas vias respiratórias (boca e nariz), através de gotículas e, em situações raras, através de pequenas partículas, denominadas aerossóis, de pessoa para pessoa, por contacto físico próximo. Ainda assim, é no rosto que existe uma parte do corpo que pode ser resistente à covid-19. É, pelo menos, o que concluiu numa equipa da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA, num estudo publicado na Cell Reports..Os resultados do trabalho de investigação sugerem que a córnea pode ser resistente à covid-19, uma vez que não permite a multiplicação do SARS-CoV-2, o vírus que causa a doença. O mesmo não acontece com o vírus Zika ou o da herpes simples, que se replicam no tecido ocular..A Escola de Medicina da Universidade de Washington explica, em comunicado, que "embora o vírus herpes simplex possa infetar a córnea e espalhar-se para outras partes do corpo em pacientes com sistema imunológico comprometido, e o vírus Zika tenha sido encontrado em lágrimas e tecido da córnea, o SARS-CoV-2 não parece replicar-se na córnea humana." .Mas perante o novo coronavírus, esta parte do olho humano pode até criar imunidade à doença que já fez mais de 1,2 milhões de mortos em mais de 48,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo o balanço mais recente feito pela AFP.."As nossas descobertas não provam que todas as córneas são resistentes", disse o autor principal do estudo, Jonathan J. Miner. "Mas cada córnea de doador que testámos era resistente ao novo coronavírus. Ainda é possível que um subconjunto de pessoas possa ter córneas que suportam o crescimento do vírus, mas nenhuma das córneas que estudamos suportou o crescimento de SARS-CoV-2", explicou..Miner, professor assistente de medicina, de microbiologia molecular e de patologia e imunologia contou com a colaboração do oftalmologista Rajendra S. Apte no estudo das córneas de ratos e de humanos expostas aos vírus herpes simplex, Zika e SARS-CoV-2 ..Ao todo, foram 25 córneas de ratos e 25 de humanos que estiveram em estudo pela equipa norte-americana de investigadores. Só os vírus da herpes e do Zika conseguiram replicar-se..Os resultados obtidos sugerem que "o novo coronavírus não parece ser capaz de penetrar na córnea" .."Sabe-se que a córnea e a conjuntiva têm receptores para o novo coronavírus, mas nos nossos estudos descobrimos que o vírus não se replica na córnea", afirmou Apte..Ainda assim, os cientistas precisam de estender a investigação a uma amostra maior e de determinar se outros tecidos no interior e à volta da córnea, "como os dutos lacrimais e a conjuntiva, são vulneráveis ao vírus", de modo a comprovar estes resultados preliminares..Afinal, este vírus, cujos primeiros casos de infeção foram detetados no final do ano passado na China, ainda representa um desafio para a ciência, que ainda o está a conhecer. "É importante respeitar o que este vírus é capaz de fazer e tomar as devidas precauções", salienta o autor principal deste estudo, que afirma ainda que esta investigação é apenas o início de novas descobertas.