Vários detidos por suspeita de envolvimento no golpe de Estado falhado
O Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau está a realizar uma operação de revista e procura de alguns elementos alegadamente envolvidos no ataque perpetrado contra o Palácio do Governo na terça-feira, disseram à Lusa fontes militares.
As mesmas fontes confirmaram à Lusa que "várias pessoas" estão detidas no quartel do Estado-Maior General das Forças Armadas, na Fortaleza da Amura, situada no centro da capital guineense, por alegado envolvimento no ataque.
Neste momento, uma missão de militares do Estado-Maior realiza operações de recolha de "mais elementos" no Palácio do Governo, acrescentaram as mesmas fontes.
Vários tiros foram ouvidos terça-feira perto da hora de almoço junto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
Entretanto, segundo fonte governamental, militares entraram cerca das 17:20 no palácio do Governo e ordenaram a saída dos governantes que estavam no edifício.
A tentativa de golpe de Estado já foi condenada pela União Africana, pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), através da presidência angolana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e por Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola e Espanha.
Em declarações aos jornalistas, no Palácio da Presidência, o Presidente guineense afirmou ter-se tratado de um "ato bem preparado e organizado e que poderá também estar relacionado com gente relacionada com o tráfico de droga".
O ataque provocou pelo menos seis mortos e quatro feridos, segundo fontes militares e médicas.
O representante do Fórum da Sociedade Civil da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Guiné-Bissau, Gueri Gomes, afirmou esta quarta-feira que é preciso explicar à população os contornos da tentativa de golpe de Estado de terça-feira.
"Toda a população guineense neste momento está com sentimento de medo, de terror, sobretudo porque a situação está ainda muito nebulosa. Não se sabe o que aconteceu em concreto, não se sabe o que vai acontecer, e não se sabe quem é o autor de tudo isto", afirmou à Lusa Gueri Gomes.
Segundo o ativista, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, "não conseguiu esclarecer completamente o que aconteceu", o que é "compreensível".
"Mas é preciso muito rapidamente que as autoridades venham explicar à população o que aconteceu em concreto para aliviar este peso de medo, que neste momento está a reinar", disse.
O ativista disse que apesar de alguma retoma das atividades económicas, as instituições públicas estão praticamente paralisadas.
"O país precisa de retomar o mais rápido possível, mas para isso acontecer é preciso que haja de facto uma explicação clara, objetivo do que aconteceu. A população tem esse direito e é preciso que as autoridades competentes expliquem isso", insistiu.