"Guimarães serviu para destruir fantasmas"
Preparou, como assessor do ex-primeiro-ministro Cavaco Silva, a reunião de 1986 com o homólogo espanhol. Porquê a escolha de Guimarães?
Deve ser prestada uma homenagem a Cavaco Silva pela forma como organizou a primeira cimeira luso-espanhola em Guimarães, que serviu sobretudo para destruir fantasmas e iniciar percursos comuns na Europa.
Há aqui um reatar dos encontros bilaterais de alto nível...
Depois de quase um ano e meio sem cimeiras anuais, é preciso encontrar outra vez o ritmo dessas relações. No plano político, tentando encontrar objetivos comuns na Europa, tentando explorar algumas vias comuns para aumentar o turismo nos dois países e procurando resolver alguns aspetos negativos, por exemplo na área do ambiente.
As relações bilaterais são vistas como excelentes...
Com a normalização da vida política em Espanha, interrompida há mais de um ano, o rei de Espanha escolheu Portugal para a sua primeira visita oficial ao exterior, o que tem algum significado. As relações de Portugal com Espanha, de um ponto de vista político e económico, são mais importantes para Portugal do que o contrário. No entanto, desde os governos de Filipe González nos anos 1980, o objetivo de Madrid é que as relações com Lisboa sejam normais para não prejudicar a posição internacional de Espanha.
Prejudicar como?
A Espanha quer ser membro do G8 [os sete países mais desenvolvidos e a Rússia], é neste momento a quarta economia da Europa, tem uma posição determinante na Ibero-América e quer que as relações com o seu vizinho Portugal não possam ser, nunca, um fator negativo para a sua projeção internacional.
Como antigo embaixador em Madrid, como vê a forma como o rei Felipe VI lidou com a crise política?
A monarquia sobreviveu a uma crise política como a Espanha nunca tinha tido desde a transição. A situação fragmentou-se e a monarquia decidiu manter uma posição de perfil baixo porque a pouca experiência do rei também não lhe permitia uma atuação como a que teria o seu pai.