Governo estuda corredor para transportes públicos na Vasco da Gama
Não haverá apenas uma saída específica na Ponte Vasco da Gama para dar acesso ao novo aeroporto do Montijo. O governo está a estudar "a criação de um canal dedicado para transportes públicos, que garanta a máxima fiabilidade do serviço entre o Montijo e Lisboa", adiantou ao DN/Dinheiro Vivo fonte do Ministério das Infraestruturas e Habitação.
Thierry Ligonnière, CEO da ANA, já tinha avançado com a ideia da criação de um corredor de transportes públicos que facilitasse a travessia do Tejo pela via rodoviária. Mas, para já, é ainda difícil perceber como vai funcionar a circulação de trânsito numa das principais vias de acesso à capital - passam na Vasco da Gama 62 mil carros todos os dias.
Os acessos ao centro de Lisboa quando o aeroporto do Montijo estiver pronto vão também fazer-se através do rio. "As ligações fluviais entre Lisboa e o cais do Seixalinho [Montijo] estão a ser devidamente ponderadas em articulação com o Ministério do Ambiente e da Transição Energética", explica a equipa de Pedro Nuno Santos.
A nova infraestrutura aeroportuária - cujo arranque das operações deverá acontecer em 2022 - deverá movimentar até 20 milhões de passageiros, o que abre a porta a um reforço do transporte fluvial. No entanto, "é ainda prematuro identificar o modelo de implementação de ajustamentos ao serviço", diz o governo, acrescentando que, neste momento, "atendendo à sua distribuição ao longo do dia e à sua repartição pelos múltiplos modos no acesso ao aeroporto, não se colocam problemas relevantes de capacidade do sistema de transporte fluvial, centrando-se a questão sobretudo no padrão do serviço".
O governo está confiante de que os elementos necessários para a conclusão do estudo de impacto ambiental vão ser entregues até ao final deste mês. Cabe à ANA - gestora aeroportuária em Portugal - fazer seguir os elementos em falta e que são fundamentais para que a Agência Portuguesa do Ambiente possa avaliar o impacto que a reconversão da atual base aérea número 6 num aeroporto civil terá na região. No topo das preocupações está a flora e as aves. A gestora detida pelos franceses da Vinci ainda não confirmou a data de entrega.
O governo já fez saber que não tem plano B para a criação de uma nova alternativa complementar à Portela, que está no limite da sua capacidade. Vítor Costa, presidente da Região de Turismo de Lisboa, sublinhou recentemente, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo, que a "Portela é decisiva" e que o seu encerramento seria prejudicial para o turismo na região.
O presidente do turismo da região de Lisboa lembrou que, se o Montijo não avançar, toda a atividade turística terá de repensar a sua ambição. "Se quisermos ficar assim já temos 9 milhões de turistas, não sei quantos hotéis, as taxas de ocupação são boas, e as rentabilidades são boas, podemos ficar aqui. Mas se quisermos passar para outro patamar precisamos de resolver o problema do transporte aéreo."