Governo exige demissão de vice-presidente da Comissão Europeia
"O primeiro vice-presidente da Comissão Europeia deveria demitir-se das suas funções depois de ter acusado o primeiro-ministro e o governo húngaro de antissemitismo", segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros húngaro, distribuído na sexta-feira.
Estas acusações são "injustas e inaceitáveis", afirmou o chefe da diplomacia húngara, Péter Szijjarto, sublinhando que o seu país tinha "concretizado uma política de tolerância zero em matéria de antissemitismo".
Em entrevista publicada no semanário alemão Die Zeit, na quinta-feira, Timmermans foi convidado a reagir a afirmações feitas no final de abril, na sua presença, por Orban, no Parlamento Europeu.
Visado por um procedimento europeu de infração contra a sua lei sobre as universidades estrangeiras, que se focava em particular na Universidade da Europa Central, fundada em Budapeste por Soros, o dirigente húngaro tinha acusado este último de ser um "especulador financeiro norte-americano atacante da Hungria".
Interpelado a este propósito pelo jornalista da Die Zeit, para quem estas afirmações tinham "aspetos claramente antissemitas", Timmermans respondeu: "Compreendi-as exatamente da mesma maneira que você, o que me indignou".
Mais à frente, Timmermans acrescentou: "O facto de o antissemitismo existir ainda hoje na Europa é terrível!", esclarecendo que não reagiu durante o debate no Parlamento europeu para não criar um incidente que teria ocultado as discussões de fundo.
Por seu lado, Szijjarto garantiu hoje que as críticas feitas pelo regime de Budapeste ao multimilionário norte-americano não têm "absolutamente nada a ver com as origens ou a religião de George Soros".
Regularmente criticado pelos seus ataques à sociedade civil e pelas suas derivas autoritárias Orban qualificou recentemente Soros como "inimigo público", devido aos valores liberais que este promove, designadamente através da sua universidade e das organizações não-governamentais que financia.