Governo britânico pode reverter hoje decisão de incluir Portugal no corredor aéreo

A obrigatoriedade de quarentena a quem regresse de terras lusas será um balde de água fria para o turismo algarvio.
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Ainda não passaram duas semanas desde a abertura do corredor aéreo entre Portugal e o Reino Unido e já paira a ameaça de que hoje, quinta-feira, o Governo britânico volte a decretar a obrigatoriedade da quarentena a quem regresse ao país proveniente de terras lusas. A taxa de infeção nos últimos sete dias foi de 22,9 novos casos por cem mil habitantes, acima dos 20 casos que o Reino Unido estipulou como métrica segura. A reavaliação da lista deverá ser conhecida a meio da tarde. No Algarve, a região turística de eleição dos ingleses, paira a apreensão. A reposição das restrições será um balde de água fria na atividade turística, que estava a ganhar algum fôlego.

O fim da luz verde na ponte aérea será "uma notícia muito negativa e uma quebra monumental das expectativas" do setor hoteleiro, cujas perdas estimadas para este ano rondavam os 60% a 75% com a abertura do corredor com o Reino Unido, diz Cristina Siza Vieira, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). A preocupação está instalada, até porque os meses de setembro e outubro são um período de forte procura de ingleses e irlandeses para a prática de golfe.

"Estou muito apreensivo", diz Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), até porque "não faz sentido que o Algarve fique de fora do corredor quando tem um número muito baixo de casos segundo os critérios da União Europeia". A resolução do Governo britânico não tem só em conta os critérios sanitários. Como sublinha Cristina Siza Vieira, "há outras lógicas que se estão a impor, como o faça férias cá dentro e se evite a saída de divisas".

Travão a fundo

Elidérico Viegas frisa mesmo que a reposição da quarentena "é prejudicial para a economia da região, significa um regresso ao passado, aos meses de julho e agosto, que se vai refletir na economia do país". "Será um duro revés se amanhã [hoje] for tomada essa decisão", sublinha, por sua vez, João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve.

Logo que o corredor aéreo teve luz verde registou-se "um aumento significativo de reservas e um fluxo notório no aeroporto de Faro", frisa João Fernandes. Também Cristina Siza Vieira reconhece que se sentiu "um boom monumental de pedidos de alojamento e de transporte aéreo" para o Algarve, nomeadamente para setembro e outubro. Agora, essa operação poderá estar "completamente comprometida".

No ano passado, o mercado britânico foi responsável por 2,1 milhões de hóspedes, 9,4 milhões de dormidas e quase 3,3 mil milhões de euros em receitas turísticas.

Sónia Santos Pereira é jornalista do Dinheiro Vivo

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