O general croata Ante Gotovina, detido na quarta-feira à noite nas ilhas Canárias, é hoje transferido num avião militar espanhol para Haia, a capital holandesa, que abriga a sede do Tribunal Penal Internacional para a ex- Jugoslávia (TPI). Gotovina, acusado pelo TPI de crimes de guerra durante o conflito servo-croata (1991-1995) e em fuga desde o final de 2001, foi presente a um juiz espanhol na quinta-feira à noite, que o informou das acusações que pendem sobre si. O juiz determinou a sua entrega imediata ao tribunal da ONU sem ser necessário processo de extradição. Numa conferência de imprensa, o ministro do Interior espanhol, José Antonio Alonso, destacou ontem "o elevado nível de mobilidade" de que o general croata gozou, a julgar pelos carimbos contidos no seu passaporte falso, de países como o Chile, a Argentina, a China, a Rússia ou até mesmo a República Checa. Alonso precisou que os agentes espanhóis já tinham detectado a presença de Gotovina nas Canárias em Outubro, após aviso da Interpol, mas só esta semana lograram proceder à sua detenção. Na Croácia, onde uma sondagem revelou que 61% dos croatas condenaram a prisão daquele que consideram um herói nacional, o ministro do Interior ordenou a demissão do chefe da polícia de Zagreb, Ivica Franic. Isto porque "falhou em manter a ordem" na capital croata depois de uma noite de confrontos entre a polícia e manifestantes pró-Gotovina.