Futebol contribuiu com 549 milhões de euros para o PIB em 2018-19

Relatório do Anuário do Futebol Profissional Português refere ainda o valor das receitas geradas pela atividade profissional: 874 milhões de euros. Pandemia custou 153 milhões de euros em receitas. Pedro Proença e João Paulo Rebelo admitem adeptos nas bancadas na nova época.
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O futebol é cada vez mais rentável para o Estado. A Indústria do futebol profissional em Portugal contribuiu com 549 milhões de euros para o PIB português na época desportiva 2018-19. O valor reflete um aumento de 39,2% face ao quadro competitivo anterior (351 milhões na época 2017-18). Em 2016-17 a contribuição foi de 455 milhões, enquanto em 2015-16 foi de 311 milhões.

Os números do Anuário do Futebol Profissional Português, uma parceria entre a Liga Portugal e a EY, refere ainda que a atividade da Liga Portugal e das 32 Sociedades Desportivas presentes na I e II Liga gerou receitas superiores a 874 milhões. O que permitiu ao Estado Português arrecadar mais de 150 milhões em impostos. "Ou seja o futebol profissional paga em impostos o equivalente a 86 mil salários médios mensais da Função Pública", refere o documento a título comparativo.

Segundo o estudo, apresentado esta quarta-feira na Conferência Futebol Profissional e Economia Pós Covid-19, no Auditório do Parque dos Poetas, em Oeiras, a indústria do futebol profissional responde por mais de 2600 postos de trabalho. Número que representa um aumento de 33,8% face ao período 2017-18. Os jogadores foram os agentes desportivos com a maior fatia remuneratória (238 milhões), sendo que a produtividade média anual dos profissionais de futebol (atletas, treinadores e funcionários) cifrou-se em 210 mil.

A melhoria generalizada da receita operacional das "deveu-se essencialmente à entrada em vigor do novo ciclo de distribuição de receita das competições europeias (com um impacto positivo de 68 milhões); à subida global do saldo de transação de jogadores na I Liga (que registou um aumento de perto de 72 milhões) e à introdução dos novos contratos de direitos audiovisuais com os operadores televisivos para a transmissão dos jogos".

Números que não podem ser hipotecados pela atual crise que o setor, potenciada pela pandemia do covid-19: "É ainda impossível estimar as perdas avultadas que o Futebol Profissional sofrerá, mas é certo que o contexto que vivemos obriga a indústria, ainda de forma mais urgente, a organizar-se de forma centralizada. Só assim será possível aumentar o poder negocial das empresas do setor face a um conjunto importante de ativos, como são os direitos audiovisuais", disse Pedro Proença em comunicado.

Já esta quarta-feira em Oeiras, o líder do organismo que rege os campeonatos nacionais referiu que a época 2019-20 terminou com uma perda de receitas de 135 milhões de euros, que interrompeu o crescimento registado até março, antes do confinamento e da paragem do campeonato.

Para fazer face a estes resultados operacionais, Pedro Proença avançou que a centralização dos direitos televisivos, que já antes defendia, é agora um caminho "obrigatório". Segundo o presidente da Liga Portugal, "ficaram visíveis as assimetrias entre os vários clubes e, caso a I Liga não tivesse terminado, teriam sido grandes as dificuldades de muitos clubes para sobreviver financeiramente".

Jogar à porta fechada durante dois meses custou 52 milhões em direitos televisivos e 23,4 milhões em atividade comercial e de bilhética. "Vamos enfrentar grandes desafios no futebol profissional, mas assumimos o papel cada vez mais importante que temos junto dos clubes e adeptos. São grandes desafios, nomeadamente os direitos televisivos, com um novo modelo competitivo e a sustentabilidade financeira dos clubes, temas que a pandemia tornou evidente que precisam de ser trabalhados", concluiu Pedro Proença, lembrando que é preciso fazer regressar os adeptos aos estádios. "Público na F1? Não iremos admitir que o futebol seja tratado de forma diferente", avisou Proença.

O Secretário de Estado da Juventude e do Desporto (SEJD), João Paulo Rebelo, admitiu logo depois que o Governo e a DGS estão a estudar a possibilidade de ter público nas bancadas no início da próxima época - I Liga arranca a 20 de setembro. O governante saudou a LPFP pela retoma da I Liga "sem sobressaltos", manifestou "orgulho" pela conclusão da prova, e, sobre os efeitos da pandemia de covid-19 no futebol, admitiu que a centralização dos direitos desportivos é uma "prioridade".

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