Martim Soares Moreno, militar português que fundou o Ceará e se distinguiu na resistência contra as ocupações francesas e holandesas no Brasil, vai ser homenageado a 9 de novembro em Santiago do Cacém, sua terra natal, assim como em Lisboa..No ano em que se cumpre o quarto centenário da nomeação do 1.º capitão-mor do Ceará, estão programadas atividades a cargo da Câmara Municipal, do Instituto do Ceará e da Real Sociedade Arqueológica Lusitana na cidade do litoral alentejano, com uma sessão de homenagem nos Paços do Concelho (11.00) e, logo de seguida, a inauguração de uma placa comemorativa na Praça Conde de Bracial..Dois dias antes (17.00), na Sociedade de Geografia de Lisboa, terá lugar uma conferência sobre a Jornada do Maranhão, levada a cabo em 2019 pela Expedição Martim Soares Moreno, que reviveu a epopeia do militar alentejano desde o rio Siará até a ilha de São Luís, no Maranhão, ressaltando a importância desse périplo para a definição dos limites territoriais actuais do Brasil..Martim Soares Moreno nasceu em Santiago do Cacém, cerca de 1586. Chegou ao Nordeste do Brasil ainda muito jovem, em 1602, como soldado, empenhando-se na luta pela ocupação do Ceará. Um tio militar, Diogo de Loures Moreno, incentivou-o a seguir a carreira das armas e a aprender a língua e os costumes dos índios. Integrando a expedição do sargento-mor Pêro Coelho de Sousa, em 1603, dirigiu nesse mesmo ano a construção da primeira fortaleza, o forte de Santiago, na margem direita da foz do rio Siará (sobre o qual se erguerá, em 1613, o forte de São Sebastião), e iniciou a colonização da região..Tornou-se, assim, o virtual fundador da futura capitania do Ceará, de que virá a ser capitão-mor, em 1619. Muito contribuiu para o sucesso da iniciativa o facto de ter convivido, desde cedo, com os índios locais, ao ponto de ser considerado filho adoptivo de Jacaúna, o grande cacique dos potiguares. Algo que lhe permitiu desenvolver uma profícua acção diplomática junto dos índios, criando valiosas alianças para incursões bélicas, nas quais ia nu e com o corpo tingido de jenipapo, de forma a não se distinguir dos locais sob o seu comando.