Franceses já analisaram 12 milhões de ficheiros do Football Leaks

Dez países, incluindo Portugal, estiveram reunidos em Haia, na sede do Eurojust, num encontro que serviu também para a troca de informações consideradas úteis nas investigações às denúncias lideradas pelo <em>hacker</em> Rui Pinto.
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As autoridades judiciais francesas já analisaram 12 milhões de ficheiros informáticos relacionados com o processo conhecido como Football Leaks. Esta primeira avaliação serviu para os especialistas escolherem quais as informações que poderão ser úteis para a investigação sobre a forma como muitos contratos de futebolistas são feitos na Europa.

A informação foi divulgada durante a conferência de imprensa que se seguiu a uma reunião que juntou dez países incluindo elementos das autoridades judiciais francesas, belgas e o procurador-geral adjunto António Cluny, que representa Portugal no Eurojust, o órgão da União Europeia, com sede em Haia, e que tem como objetivo reforçar a luta contra a criminalidade organizada a nível europeu.

Na rede social Twitter, o Eurojustadiantou que o encontro desta terça-feira permitiu a partilha de informações recolhidas pela investigação francesa entre as várias entidades.

Esta investigação a nível europeu surgiu depois da publicação em 2016 num site com o nome de Football Leaks de vários documentos onde se denunciava diversas alegadas irregularidades relacionadas com contratos - incluindo de imagem - de futebolistas de renome mundial, como Cristiano Ronaldo, a empresa de fundos de investimento Doyen e envolvendo praticamente todos os grandes clubes europeus e os chamados três grandes nacionais. Nessa altura, as autoridades gaulesas iniciaram uma investigação relacionada com lavagem de dinheiro e fraude fiscal.

Em novembro do ano passado, foram divulgados mais uma série de noticias sobre o tema que também originaram diversas investigações. Muitas das denúncias foram publicadas pelos órgãos de comunicação social que integram o European Investigative Collaborations (de que faz parte o semanário Expresso), liderados pela revista Der Spiegel.

Na sequência de queixas efetuadas por pessoas e entidades nomeadas nessas noticias e nos documentos divulgados pelo site, a pessoa por trás desse portal, o português Rui Pinto, foi detido a 16 de janeiro em Budapeste (Hungria). Alegou de imediato estar a colaborar com as autoridades de vários países na denúncia de situações ilegais. Rui Pinto é defendido por William Bourdon que já representou Edward Snowden - o analista da CIA e da NSA que divulgou o sistema de vigilância da NSA - e pelo advogado português Francisco Teixeira da Mota.

O trabalho de dois jornalistas da revista alemã Rafael Buschmann e Michael Wulzinger foi publicado em livro em 2017 na Alemanha e está desde esta terça-feira à venda em Portugal.

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