Explosão destrói prédio de oito andares, fere 16 pessoas e faz 39 desalojados
Uma violenta explosão, provocada por uma fuga de gás, causou forte destruição num prédio de oito andares na Amadora, fez 16 feridos, incluindo um bombeiro em estado grave, e deixou 39 pessoas desalojadas, de acordo com o último balanço da Proteção Civil.
As causas da explosão não foram ainda sido identificadas, tendo o caso sido entregue à Polícia Judiciária, que irá agora investigar o que se passou.
O edifício da rua José Maria Pereira, no Casal de São Brás, ficou "sem condições de habitabilidade". A fragilidade do prédio é visível nas fotografias. Sofreu danos estruturais e pode mesmo ter de ser demolido ou totalmente reconstruído. "Não temos condições de considerar um prazo de quando é que as pessoas poderão voltar às suas habitações. Eu conseguiria arriscar que nos próximos dias não há essas condições. Olhando para o edifício percebemos que não existe qualquer condição de habitabilidade para os moradores voltarem", explicou o Comandante da Proteção Civil da Amadora, Luís Carvalho.
O cheiro a gás levou um morador a chamar os bombeiros, que chegaram ao local momentos antes da explosão (10.53). Um dos operacionais foi "projetado pela caixa do elevador desde o sexto andar até ao segundo", apresentando "lesões na bacia e várias fraturas". Foi o único ferido grave entre as 16 vítimas, seis bombeiros e dez civis. Muitos atingidos por estilhaços e transportados para o hospital.
Os momentos que se seguiram ao socorro foram de pânico por parte dos moradores e dos familiares sem notícias. "Estava a trabalhar quando ocorreu a explosão. Foi um barulho ensurdecedor. Um abanão que nunca senti na vida. Vi tudo a cair e só tive tempo de pegar na minha mãe e sair. Vamos ver se há condições de regressar hoje para dormir", contou, ainda atordoado, Fernando Morais, que mora num prédio ao lado.
Twittertwitter1504056498720280576
Twittertwitter1504062504590319619
Os estilhaços fizeram estragos num raio de 200 metros, destruíram montras de lojas e cafés e esmagaram carros (incluindo um veículo dos bombeiros). Sofás foram projetados pelas janelas. Ao todo foram mobilizados 91 operacionais e 32 viaturas das forças de socorro e segurança, incluindo uma unidade de psicólogo do INEM, segurança social para realojar as famílias e um veterinário municipal para apoiar no resgate dos animais domésticos. O cenário impunha respeito e era difícil contrariar os rumores de quem à distância tentava adivinhar o que se passava e antevia o colapso do prédio.
Um salão de festas infantis, localizado a cerca de 50 metros, foi imediatamente disponibilizado para centro de operações, onde se fez o levantamento das vítimas, dos moradores desalojados e das opções para quem tinha ficado sem nada. O DN testemunhou a aflição de várias pessoas a tentarem passar o perímetro de segurança preocupadas com familiares. Uma mulher que vivia no prédio e tinha ido levar o filho à creche, não tinha carteira ou documentos. Uma jovem preocupada com o avô de 92 anos, que vivia no prédio, foi informada que este tinha ferimentos ligeiros e estava a ser assistido no hospital.
Outra moradora de um prédio vizinho, que foi evacuado, tinha ido passear o cão à rua e já não conseguiu voltar a casa. Estava preocupada com os gatos e foi informada que não existiam condições de segurança para entrar no edifício, mas que estava uma veterinária municipal no local para dar apoio assim que fosse possível resgatar os animais. Ou um idoso que se tinha esquecido de trazer a medicação quando os agentes lhe bateram à porta a pedir para sair de casa por razões de segurança.
Twittertwitter1504062313904623618
Os prédios adjacentes foram evacuados "por precaução" e também eles foram avaliados por apresentarem danos. A entrada desses moradores foi feita gradualmente com ajuda da Proteção Civil já pela noite dentro. A explosão originou ainda a criação de "bolsas de gás" que obrigaram à evacuação de um prédio numa rua adjacente. As seguradoras também estiveram no local para tentar realizar peritagens, mas só hoje entrarão no prédio para uma avaliação mais exaustiva.
De acordo com um balanço feito já durante a noite desta quarta-feira à Lusa, fonte da proteção civil municipal revelou que todas as pessoas desalojadas encontraram soluções de habitabilidade.
"Temos cerca de 39 pessoas [desalojadas]. Oito foram realojadas e 31 ficaram em soluções familiares", disse o Comandante da Proteção Civil da Amadora, Luís Carvalho.
As pessoas desalojadas são moradoras do prédio n.º 7, onde ocorreu a explosão, e de "algumas frações do [prédio] n.º 9, que é o edifício adjacente e que não tem condições de habitabilidade".
Pelas 22:00, ainda se encontravam no local a proteção civil municipal, a polícia municipal, os bombeiros e as equipas sociais da Câmara Municipal e da Segurança Social, segundo Luís Carvalho.
"Os bombeiros estão a retirar elementos que estão em risco de queda na fachada. [...] Temos a polícia municipal e a proteção civil as famílias do edifício n.º 5 e n.º 9 para poderem voltar as suas habitações", precisou.
Luís Carvalho disse ainda que o número de feridos mantém-se inalterado, referindo que o bombeiro que ficou em estado grave "foi operado, [...] mas encontra-se estável e bem".
isaura.almeida@dn.pt